Rússia diz que só negocia a guerra da Ucrânia com os EUA
Porta-voz diz que negociações sobre Ucrânia seguem restritas a Moscou e Washington, mas Kremlin afirma estar aberto a diálogo com europeus
O Kremlin afirmou nesta quarta-feira (3/12) que as negociações sobre um possível acordo de paz para a Ucrânia estão acontecendo exclusivamente entre Rússia e Estados Unidos. Segundo o assessor presidencial Yuri Ushakov, “a comunicação está ocorrendo somente entre Washington e Moscou”, apesar de Vladimir Putin seguir disposto a dialogar com líderes europeus.
“Putin disse repetidamente: se algum líder europeu quiser conversar, por favor, seja bem-vindo, visite Moscou”, declarou Ushakov, culpando a Europa por evitar contatos diretos com o governo russo.
Segundo o porta-voz, a reunião realizada nessa terça-feira (2/12), em Moscou, entre Putin e os enviados norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner teve um único foco: a resolução do conflito ucraniano.
As conversas, que duraram quase cinco horas, foram classificadas como “francas”, com Moscou apresentando críticas e sugestões aos documentos levados pelos americanos.
“Apenas um tema foi discutido, e esse foi a resolução da crise na Ucrânia”, disse Ushakov. Ele afirmou que a delegação russa expressou “abertamente” suas opiniões sobre o plano de paz e os quatro documentos adicionais entregues pelos EUA.
O assessor descreveu o encontro como “útil e construtivo” e afirmou que “os contatos continuarão”.
Avanço no front em paralelo a negociações
- Enquanto as negociações avançam discretamente, o campo de batalha continua ativo.
- Moscou anunciou ter assumido o controle das cidades estratégicas de Pokrovsk e Vovchansk, no leste da Ucrânia.
- Kiev contesta a versão e acusa a Rússia de exagerar ganhos militares em meio ao desgaste das linhas de defesa e dificuldades de mobilização.
- O representante especial do Kremlin, Kirill Dmitriev, celebrou o encontro com uma postagem acompanhada de um emoji de pomba branca, reforçando o simbolismo de um possível avanço diplomático.
- Apesar do tom positivo, o assessor russo enfatizou que “nenhum acordo foi alcançado ainda” e que não há previsão de encontro entre Putin e o presidente norte-americano, Donald Trump.
- A possibilidade dependerá do avanço das tratativas técnicas em curso entre as equipes diplomáticas.
Um dos pontos centrais discutidos foi a possível renúncia da Ucrânia à entrada na Otan — tema considerado sensível por Moscou. O reconhecimento internacional do controle russo sobre áreas ocupadas também fez parte da pauta, mas Ushakov evitou detalhes, ressaltando que ambas as partes concordaram em negociar “a portas fechadas”.
O Kremlin também indicou que os EUA demonstraram disposição para trabalhar em uma solução de longo prazo. “O ambiente é construtivo e os americanos estão preparados para fazer todos os esforços para alcançar uma solução que esteja alinhada com nossos objetivos”, afirmou Ushakov.
