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Servidores de alta classe perdem milhões em golpe da pirâmide no DF

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Rogério Casagrande (foto) utilizou o esquema para lucrar R$ 11,7 milhões. Ele prometia pagar até 7% de juros aos investidores

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De acordo com as apurações, o suspeito valia-se do cargo para captar investidores, muitos deles colegas de trabalho, além de funcionários com alto poder aquisitivo de órgãos como o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e do governo local (GDF). As vítimas eram seduzidas com a promessa de rentabilidade de 7% sobre o valor investido. O dinheiro, dizia ele, era aplicado em uma empresa especializada na venda de açaí.

Em apenas um dos casos, Rogério Casagrande recebeu depósitos bancários no valor de R$ 3,9 milhões. As ocorrências registradas em diversas delegacias do DF foram centralizadas pela 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), que conduz as investigações. O Metrópoles não divulgará os nomes dos envolvidos a fim de não expô-los.

estelionatário formalizava os golpes por meio de contratos de “constituição de renda”. Para aumentar o faturamento e transparecer uma falsa sensação de segurança, o golpista pagava, por alguns meses, os juros sobre os valores investidos pelas vítimas. Animadas com a alta rentabilidade do negócio, muitas pessoas eram convencidas por Rogério a reverter o faturamento em novos aportes financeiros.

Após os primeiros pagamentos de juros, Rogério Casagrande interrompia as transferências. A partir desse momento, as vítimas já não conseguiam mais ser ressarcidas. A polícia suspeita de que o servidor do TJDFT tenha desenvolvido uma espécie de pirâmide financeira e de que ele usava os novos aportes feitos pelas vítimas para pagar investidores recentes. Em algum momento, a corrente de transações se quebrou e todos amargaram o prejuízo.

Em decorrência dos termos de declaração prestados pelas vítimas na PCDF, o Metrópoles teve acesso ao montante investido por cada um dos servidores públicos captados por Rogério. Um deles depositou três cheques nos valores de R$ 470 mil, R$ 217 mil e R$ 100 mil na conta do técnico judiciário. A vítima recebeu dividendos apenas entre outubro e dezembro de 2018. Depois, o suspeito nunca mais atendeu as ligações.

Outra vítima relata o prejuízo milionário. O servidor público fez depósitos totalizando R$ 2,3 milhões e chegou a receber alguns valores dos juros, mas nunca os 7% firmados no contrato de constituição de renda. Segundo o termo de declaração feito na delegacia, ele afirmou que deixou de ganhar os investimentos em novembro do ano passado. Como nos outros casos, o acusado desapareceu e nunca mais atendeu aos telefonemas.

Relatos

Com medo de sofrer represálias, três vítimas aceitaram contar seus casos à reportagem a partir de um acordo para manter suas identidades e locais de trabalho preservados. Todos preferiram fazer seus próprios relatos sobre os golpes sofridos. Os textos foram mantidos na íntegra e são reproduzidos a seguir:

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“Como já tinha minha confiança, resolvi ajudar. Foi o meu erro”

“Fui convidado por um amigo próximo de trabalho que já estava há algum tempo investindo na empresa de açaí de alguém que ele considerava confiável – uma vez que o Rogério, o dito empresário de sucesso, vinha cumprindo com seus compromissos.

Por um tempo, deu certo, mas, no momento em que decidi não mais investir meu capital – já que estava reservado para festa de meu casamento e para troca do apartamento em conjunto com minha noiva, ele me pediu que aplicasse por mais uma vez.

Diante da minha negativa, ele me pediu um último favor: que eu emprestasse meu dinheiro por mais um mês. Como já tinha minha confiança, uma vez que o considerava um amigo, resolvi ajudar, pensando ser um problema passageiro de fluxo de caixa. Foi o meu erro. Nada mais foi devolvido! Percebemos logo depois que o Rogério, usando da empresa da qual era sócio, estava operando uma pirâmide financeira, tomando empréstimos de um para pagar outros. Caímos num golpe rasteiro de alguém que considerávamos amigo.”

REPRODUÇÃO / FACEBOOKReprodução / Facebook
Rogério Moreira Casagrande, de 42 anos, é acusado de aplicar golpes que somam R$ 11,7 milhões
“Finalmente, constatamos que estávamos diante de um bem arquitetado plano de pirâmide financeira”

“Fui apresentado ao Rogério no início de 2017. Alguns amigos já investiam com ele há algum tempo, e me disseram que recebiam um percentual de 7% sobre os valores aportados no capital de giro da empresa distribuidora de açaí. Os contratos eram elaborados, as assinaturas reconhecidas em cartório e, junto com a via do investidor, um cheque caução pelo valor total ao final de quatro meses.

Invariavelmente, não eram resgatados mensalmente o percentual de 7%, e o valor residual era reaplicado quando da renovação, o que gerava uma bola de neve e o montante principal se avolumava cada vez mais. Não tivemos a preocupação maior de investigar a idoneidade da participação do Rogério na sociedade com a empresa, porque ele já havia levado alguns investidores à empresa, apresentado as câmaras frigoríficas de armazenagem do estoque, sem contar com a convivência por anos junto aos servidores do TJDFT, onde ele e sua esposa são concursados.

Recebi mensalmente os rendimentos acordados ao longo de dois anos e, em dezembro de 2018, após várias desculpas e promessas de pagamento, finalmente constatamos que estávamos diante de um bem arquitetado plano de pirâmide financeira, onde os sócios simularam um rompimento da sociedade. O Rogério se desfez de todos os bens em seu nome, inclusive mudando o regime de casamento para separação total de bens, e nos vimos sem ter a quem cobrar a dívida que, no meu caso, supera o valor de 1,5 milhão.”

“Rogério destruiu a vida de muitas pessoas e, hoje, vive bem com o lucro obtido”

Ele tinha o álibi perfeito. Servidor concursado do TJDFT, morador de um condomínio de luxo ao lado do ParkShopping. Com base nisso, esse sujeito com cara de bom moço abordou servidores com uma proposta de investimento extremamente atrativa, cujo rendimento variava de 5 a 7% ao mês. Demonstrava com simplicidade a matemática que encantava a todos.

Ele comprava o quilo do açaí diretamente do estado do Pará por R$ 3,50 e, com a distribuidora que ele havia aberto com seu sócio, revendia para todo o DF por R$ 13, ou seja, um lucro tão grande, que pagar 5% ou 7% para quem investisse era fácil, já que o consumo desse produto virou moda e é sucesso até hoje. Diante disso, em 2016, investi todo o dinheiro que tinha e, mensalmente, resgatava parte dos rendimentos, sendo que o resíduo ficaria para resgatar ao final do contrato assinado por mim e por ele, reconhecido em cartório e com validade de quatro meses.

Ocorre que, antes de acabar o contrato, Rogério Casagrande dizia que a venda do açaí estava tão grande que precisariam comprar mais e mais. Diante disso, ele começou a angariar mais investidores. No meu caso, perguntou se alguém da minha família também queria investir e, como já havia passado 1 ano com ele sempre pagando em dia parte dos juros, alguns familiares e amigos também investiram, vendendo imóveis, resgatando economias de uma vida inteira, acreditando nessa falsa promessa.

Em 2017, em reunião com alguns investidores, percebi que a dívida que ele tinha conosco era mais alta do que o valor da sua empresa, razão pela qual fomos questioná-lo. Com a fala mansa, tranquilo e passando credibilidade, ele dizia que era uma oportunidade e que em breve sairia um empréstimo junto ao Santander, com vistas à quitação dessa dívida que, à época (2017), já estava em torno de R$ 12 milhões de reais.

Em 2018, apesar de continuar pagando parte dos juros, a dívida só aumentava e, a partir do segundo semestre, começaram os atrasos no pagamento. Até que, em novembro de 2018, Rogério já sabendo que estava enrolado disse que em janeiro iria quitar a dívida com todos os investidores, pois o dono de uma empresa iria colocar R$ 18 milhões no negócio. Com essa conversa, ele deu a cartada final, dizendo que havia um lote de açaí com um preço especial e, por isso, pagaria um rendimento de 8,5% no prazo de 30 dias.

Mais uma vez caímos no golpe e, pior, pois nunca mais pagou um centavo sequer. Acuado por todos, Rogério fugiu para o Rio de Janeiro. Depois, voltou dizendo que foi enganado pelo seu sócio. Como consequência, Rogério Moreira Casagrande destruiu a vida de muitas pessoas e hoje, licenciado do tribunal, vive bem com o lucro obtido com os golpes.”

Fonte: Metropoles

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ENERGIA RECUPERADA EM TRÊS MESES É SUFICIENTE PARA ABASTECER 140 MIL CASAS POR 30 DIAS

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Neoenergia Brasília realiza mais de 35 mil ações de recuperação de energia em todo o Distrito Federal. Parte do valor da energia furtada é pago por todos os consumidores

 

Brasília, 14 de junho de 2022 –* O combate a perdas de energia é uma prioridade para a Neoenergia Brasília. Só nos três primeiros meses do ano, a distribuidora recuperou 28 milhões de kWh, o suficiente para abastecer 140 mil residências por 30 dias. Para se chegar a essa marca, foram realizadas mais de 35 mil ações de prevenção e combate aos desvios de energia, como regularização de clientes clandestinos (4,3 mil), fiscalização (23 mil) e substituição de medidores (7,7 mil), além do uso de tecnologia para se evitar fraudes, como a instalação de sensores na rede e a manutenção da telemedição nos maiores consumidores.

 

É importante ressaltar que, somente com 1.940 ações realizadas nas classes comercial e industrial, neste período, a distribuidora recuperou 64% do montante recuperado em todas as classes no período. Com 18 milhões de kWh recuperados, é possível abastecer 90 mil residências por 30 dias.

 

“Esse trabalho é fruto de ações de inteligência, associadas a operações estratégicas de campo e com a colaboração de todas as áreas da empresa”, explica Gustavo Alvares, diretor- superintendente de Relacionamento com o Cliente da Neoenergia Brasília. “Aumentaremos o ritmo de inspeções nos próximos meses e reforçaremos a ideia de que o furto de energia não compensa. As empresas devem procurar a Neoenergia para regularizar seus débitos e adequar as ligações de suas unidades”, finaliza.

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De todas as ações, um caso emblemático chamou a atenção. No último mês de fevereiro, o time da Neoenergia Brasília recuperou 2,26 GWh em uma fábrica de gelo, localizada na BR- 060, Km 18, no Recanto das Emas. Esse montante, sozinho, abasteceria 11,3 mil casas por um mês e a fatura ficou próxima aos R$ 2 milhões.

 

*BALANÇO -* No primeiro ano de atuação no Distrito Federal, a Neoenergia Brasília recuperou mais de 205,20 Gigawatt-hora (GWh) – suficiente para abastecer todos os clientes residenciais (aproximadamente 950 mil) da capital federal durante um mês inteiro – em ações diárias, impactando positivamente também, na segurança da população e na qualidade do fornecimento de energia.

 

*DENÚNCIA -* Os desvios de energia prejudicam todos os clientes, já que promovem modificações inapropriadas na rede, trazendo riscos à vida, e parte do valor da energia furtada acaba sendo pago entre todos os consumidores. Por isso, a Neoenergia Brasília reforça a importância de denunciar fraudes. As denúncias são feitas na central de teleatendimento da distribuidora, por meio do telefone gratuito 116.

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A Neoenergia Brasília reforça que o furto de energia é crime sujeito às penalidades do artigo 155 do Código Penal Brasileiro. Além de acarretar prejuízos à população, a prática representa riscos de acidentes graves. Em caso de denúncias, os clientes podem entrar em contato com a concessionária.

 

*CLANDESTINOS -* Os novos clientes têm a energia regularizada por meio do programa Energia Cidadã. Alinhada ao programa Energia Legal do GDF, a distribuidora regularizou a energia para mais de 28 mil famílias no último ano, levando desenvolvimento econômico, social e mais dignidade para essa parcela da população. Com energia de qualidade, mais segurança e cidadania ainda terão acesso a inúmeros outros benefícios proporcionados pela distribuidora, como participação nos programas de Eficiência Energética, com campanhas de consumo consciente, doação de lâmpadas e geladeiras.

 

*SEGURANÇA -* A utilização de gambiarras para garantir o fornecimento de energia elétrica é contra a lei e extremamente perigoso. Esses tipos de intervenções na rede de distribuição, sem os devidos cuidados com o uso dos equipamentos de segurança, sem atender as normas do setor elétrico e sem a utilização de profissionais capacitados, podem ocasionar acidentes e incêndios, além de sobrecarga.

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