Nesta data, o empresário Rudson Aragão Guimarães, 39 anos, descontrolado, matou a ex-namorada com um golpe de canivete no pescoço e abriu fogo contra fiéis de uma igreja evangélica.
O mestre de obras José Maria Martins de Souza, 60, se irrita ao falar do caso. Nesta quinta-feira (23/05/2019), ele conversava com um amigo sobre o assunto numa praça no centro de Paracatu.
“Nunca tinha visto isso. Não tem como entender. Fiquei sabendo pela TV. Conheço a igreja. Esse é um lugar onde as pessoas vão para buscar paz”, inicia.
Para ele, os reflexos da matança jamais serão superados. “Como vamos andar na rua? A cidade não tem sossego mais não. Chega uma pessoa e faz o que ele fez, deixa um trauma muito profundo na gente”, encerra, visivelmente abalado.
José Maria dialogava com o aposentado João Tavares, 65. Nascido na zona rural do município, ele está perplexo. “Um sujeito desses não tem família, não tem amor à vida, não acredita em Deus e não merece estar entre nós”, desabafa.
MAIS SOBRE O ASSUNTO
“Sinto ódio”
O idoso diz que não consegue ter outro sentimento por Rudson. “Ele é uma pessoa conhecida na cidade, que tem seus problemas, mas nada justifica. Sinto ódio dele quando penso nisso”, confessa.
A auxiliar de limpeza Beatriz Aparecida Melo, 24, estava em casa quando ficou sabendo da tragédia por um grupo no WhatsApp. “Não acreditei. Já havia conversado com ele. É uma pessoa que aparenta ser normal”, lembra.
Com o desenrolar do caso, Beatriz ficou boquiaberta. “É complicado assimilar tudo que aconteceu. Parece que a tragédia invadiu nossas casas”, lamenta. Para ela, essa será uma ferida que jamais será cicatrizada completamente.
Toda que que a data chegar, que passarmos em frente à igreja e encontrarmos um parente das vítimas, o peito vai doer e o coração apertar.“
Nesta quinta, os investigadores começaram a ouvir formalmente as testemunhas dos crimes, analisaram os resultados das perícias e fizeram novas diligências. Ainda falta saber a origem da arma usada nos assassinatos e o que motivou a ação.
Após chacina, Paracatu é uma cidade dividida entre a dor e a revolta
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O criminoso, ex-militar da Aeronáutica, foi baleado em ação da Polícia Militar. O quadro de saúde dele é estável, o homem não corre risco de morrer Andre Borges/ Metrópoles
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Thais Regina Silva, chefe da Divisão de Homicídios da 2ª Delegacia de Paracatu Metrópoles/ Otávio Augusto
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Atirador responsável pela chacina em Paracatu, distante 190 km de Brasília, recarregou a arma quatro vezes Metrópoles/ Otávio Augusto
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A pistola calibre .36 foi recarregada ao menos quatro vezes. A origem da arma está sendo investigada pela polícia Metrópoles/ Otávio Augusto
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Suspeito esfaqueou a ex-companheira no pescoço com um canivete. Ela morreu a caminho do hospital com uma parada cardiorrespiratória Metrópoles/ Otávio Augusto
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Após matar a ex-namorada, o homem matou três pessoas em uma igreja evangélica da cidade mineira Andre Borges/ Metrópoles
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Familiares se despedem das vítimas do ataque em Paracatu (MG)Andre Borges/ Metrópoles
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O suspeito arrombou a grade de segurança para conseguir entrar no templo religioso Andre Borges/ Metrópoles
A intenção do suspeito era tirar a vida do pastor, que, segundo a polícia, seria o atual marido da ex-namorada do assassinoAndre Borges/ Metrópoles
Passo a passo do crime
Por volta de 20h da última terça, Rudson Aragão Guimarãesfoi à casa da mãe dele, onde também estava a ex-namorada Heloísa Vieira Andrade, 50. Lá, ele esfaqueou a mulher no pescoço com um canivete. Ela morreu a caminho do hospital devido a uma parada cardiorrespiratória.
Minutos depois, Rudson invadiu a igreja evangélica Shalom. Lá, atirou contra Rosângela Albernaz, 50, e Antônio Rama, 67, que não resistiram aos ferimentos e morreram. A intenção dele, segundo a polícia, era matar o pastor Evandro, mas como ele fugiu com a ajuda de fiéis, Rudson vejou o pai do religioso por vingança.
Rudson ainda rendeu outra fiel e a manteve sob ameaça. A Polícia Militar chegou ao local da ocorrência e tentou negociar. Nervoso, ele disparou contra Marilene Marins de Melo Neves, 38, a quarta vítima.
O atirador foi ferido pela Polícia Militar com tiros na mão e no ombro e levado para o hospital, onde segundo os médicos, está isolado e tem reagido bem ao tratamento.
Tentativa de suicídio
Nesta quinta, às 6h50, Rudson tentou suicídio, ferindo-se em três partes do pescoço com uma lâmina de bisturi. “O paciente foi atendido pela equipe cirúrgica. Ele permanece internado e sob escolta”, destaca a Prefeitura de Paracatu, em nota.
A direção do Hospital Municipal instaurou uma investigação administrativa, uma vez que o paciente, mesmo sob escolta de dois agentes do Sistema Prisional (SUAPI), conseguiu ter acesso à lâmina.
Difícil convivência
O atirador é descrito como um homem temperamental, impulsivo e envolvido com drogas. Rudson é conhecido como uma pessoa de difícil convivência.
As pessoas mais próximas contam que o agressor, empresário do ramo imobiliário, vivia o momento de maior conforto financeiro. Apaixonado por animais e motos, muitos estranharam a arrancada violenta contra a ex-namorada.
Veja quem são as vítimas do ataque:
– Heloísa Vieira de Andrade
Ela era ex-namorada do atirador e morreu ao ser golpeada com um canivete no pescoço. Heloísa trabalhava como coaching, dava treinamentos em empresas e palestras. A vítima estava na casa dos familiares de Rudson quando foi morta.
– Rosângela Albernaz
Era fiel da Igreja Batista Shalom e proprietária de uma lanchonete que fica a um quarteirão do local. Segundo a Polícia Militar, a vítima, de 50 anos, tinha duas filhas e estava na reunião junto com o marido quando ocorreu o ataque.
– Antônio Rama
Aposentado, Antônio morreu aos 67 anos. Membro da igreja e pai do pastor Evandro Rama, que celebrava o culto na hora do crime. Com base em informações da PM, o atirador entrou na Igreja Batista Shalom procurando pelo líder religioso e atirou contra o pai dele por vingança.
–Marilene Marins de Melo Neves
Fiel da igreja, Marilene trabalhava como serviços gerais na Escola Municipal Coraci Meireles e auxiliava na cantina da Creche Domingas de Oliveira. Ela era casada, tinha filhos e um neto.
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