O publicitário e empresário camaronês Mike Bryant Tjeck, de 33 anos, saiu da terra natal para tentar a vida no Brasil, em 2009. A decisão veio alguns anos depois que a mãe e o padrastro deixaram o país africano para morar na capital do país.
Em Brasília há 13 anos, ele conseguiu se estabelecer na capital e, hoje, é dono de uma marca de roupas de banho. “As coisas foram dando certo e eu gosto muito de estar aqui. Me sinto em casa, fora de casa”, diz.
Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), divulgados em dezembro de 2021, apontam que a realidade de Mike é semelhante à de mais de 1,3 milhão de pessoas, que deixaram o país onde nasceram para viver no Brasil. Neste sábado (25), é comemorado o Dia do Imigrante e o g1 conta histórias de quem saiu da terra natal em busca de melhores condições.
Acolhimento
Mike diz que, quando os pais vieram morar em Brasília, declararam paixão pela capital. Por isso, ele não pensou duas vezes e seguiu o mesmo caminho.
Assim que chegou, estudou publicidade e propaganda e imaginou que seguiria a carreira no setor da comunicação, mas foi surpreendido pelo interesse no empreendedorismo. No Brasil, também constituiu família e tem dois filhos brasileiros, de 6 e 9 anos, nascidos no país.
Para ele, “o brasileiro é acolhedor, gosta de estrangeiros de todos os lugares do mundo”.
“Na Europa, não senti essa questão de receber alguém novo. No Brasil, me senti bem, acolhido. As pessoas aqui gostam de perguntar, saber da vida de quem chega. Os africanos aqui se sentem em casa. É uma energia que a gente se identifica”, diz o empresário.
Ao comparar o Brasil com o Camarões, Mike conta que as duas nações se parecem, principalmente quando o assunto é futebol e festa. “Não tive dificuldade em me relacionar aqui. Achei fácil encontrar comida típica, a cultura é parecida, o sol. Se eu voltar para o meu país é só para visitar. Minha vida agora é aqui. Com dois filhos brasileiros, meu amor pelo Brasil só aumenta”.
Tempero africano em Brasília
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De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em dez anos, houve um aumento de 24,4% no número anual de novos imigrantes registrados no Brasil.
As populações venezuelanas, haitianas e colombianas são as principais responsáveis pela alta. O levantamento mostra que, de 2011 a 2020, os maiores fluxos recebidos foram dos seguintes países:
- Venezuela;
- Haiti;
- Bolívia;
- Colômbia;
- Estados Unidos.
O nigeriano Chidera Umenyiliora Ajulu Okeke, de 35 anos, chegou no Brasil em 2008 para estudar engenharia elétrica e trabalhar. Veio com dois irmãos e o destino, desde o início, já estava definido: Brasília.
Chidera até tentou seguir a carreira de engenheiro, mas a culinária, sua grande paixão, falou mais alto. Hoje, é dono de um restaurante de comida africana na Asa Sul.
“Fui cozinheiro na Nigéria e tive a ideia de abrir o restaurante aqui. Não tinha nada de restaurante africano. Tem peruano, mexicano. Depois da Copa de 2014, decidi seguir meu sonho”, conta o cozinheiro.
Chidera lembra que alguns amigos disseram que o negócio não daria certo e que os brasilienses não iam gostar da comida africana. “Fiquei com medo, mas abri e estamos abertos até hoje. Deu certo”.
Apaixonada por uma comida bem temperada, o nigeriano é fã da culinária brasileira e os pratos preferidos são galinhada e feijoada. Segundo ele, “os temperos lembram os da África”.
“No Brasil, me senti abraçado. É um país maravilhoso. O clima é muito parecido com o da Nigéria. Não quero sair daqui. Sou muito feliz”, diz Chidera.
Dia do Imigrante
O dia 25 de junho foi instituído no Brasil como o Dia do Imigrante em 1957, por meio de um decreto emitido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
A data foi escolhida por ser o fim das celebrações da semana da Imigração Japonesa, comemorada a partir de 18 de junho.
Fonte: G1