Durante última live do ano, presidente ligou “metralhadora de críticas” e só defendeu o Ministério da Saúde
Enquanto o Brasil enfrenta um aumento de casos e de óbitos de Covid-19 , o presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira (31) medidas de isolamento, utilizadas para reduzir a propagação do novo coronavírus. Bolsonaro disse que essas medidas são uma “irresponsabilidade” e que podem levar o país ao “caos”. O presidente também criticou o uso de máscaras, consideradas por especialistas essenciais para reduzir a infecção.
Nesta quinta, pelo terceiro dia seguido, o Brasil registrou mais de mil óbitos causados pela Covid-19 . O país encerra o ano de 2020 com 194.976 vítimas da doença. Bolsonaro não fez nenhum comentário sobre as mortes na sua transmissão semanal em redes sociais, mas criticou algumas medidas tomadas por governadores e prefeitos, como fechamento do comércio e a restrição de circulação de pessoas, dizendo que são prejudiciais para a economia.
“O caos pode ser fazer presente. Com a equipe econômica, e mais alguns ministros, nós conseguimos evitar o caos. Mas se essa política de fechar , atingindo no coração a economia, nós podemos trazer o caos para cá. E esse inferno, essa assombração, está voltando, por irresponsabilidade de fechar tudo”, disse o presidente.
Bolsonaro voltou a defender que integrantes do grupo de risco, como idosos e portadores de determinadas doenças, deveriam ficar isoladas.
Críticas ao uso de máscara
Mesmo reconhecendo que não é “especialista no assunto”, Bolsonaro afirmou que as máscaras de pano são uma ” ficção ” que tem proteção “praticamente zero” contra o coronavírus — na verdade, diversos estudos apontam a importância do aparato.
“Falam tanto em máscara. O tempo todo essa mídia pobre falando: “o presidente sem máscara”. Não encheu o saco ainda, não? Isso é uma ficção. Quando é que nós vamos ter gente com coragem, que eu não sou especialista no assunto, para falar que a proteção da máscara é um percentual pequeno? A máscara funciona para o médico, que está operando uma máscara específica. A nossa aqui, praticamente zero”, afirmou o presidente.
Um estudo realizado na Alemanha e publicado no início do mês mostrou que o uso obrigatório de máscaras reduziu a incidência da Covid-19 em 47%, em média.
Outros estudos recentes, como um realizado na univeridade Virginia Tech e outro feito por pesquisadores da Universidade de Cambridge e da Universidade do Noroeste, mostraram que máscaras de tecidos são eficazes na proteção contra a Covid-19.
Compra de seringas
Bolsonaro também defendeu o Ministério da Saúde após o fracasso de um edital para a compra de seringas e agulhas para a vacinação contra a Covid-19. A pasta só conseguiu garantir 7,9 milhões de unidades, enquanto buscava adquirir 331,2 milhões.
O presidente atribuiu o resultado a um aumento no preço dos produtos: “vocês sabem para quanto foi o preço da seringa no Brasil? Você sabe como está produção disso, como o mercado reagiu sabendo que tínhamos que comprar 100 milhões ou mais de seringas? Quando há uma procura enorme e a produção não é grande, o preço vai lá para cima”.
Ações da Eletrobras valorizam 23% na semana, mas não se falou em ‘interferência’
Bolsonaro sinalizou interferência, e o papel da Eletrobrás saltou de R$27,04, na segunda, para R$33,83 na quinta
No início da semana, o papel da Eletrobrás era vendido a R$27,04 e, nesta quinta (25), já estava cotado a R$33,83. Foto: Reprodução
A estatal federal Eletrobrás valorizou 23% esta semana, mesmo após o presidente Jair Bolsonaro avisar que iria interferir no setor elétrico, mas ninguém atribuiu a essa atitude a valorização expressiva da estatal de energia.
No início da semana, o papel da Eletrobrás era vendido a R$27,04 e, nesta quinta (25), registrava valorização de 23%, cotada a R$33,83. O dedo presidencial, no setor elétrico, afinal só gerou lucros. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
O gesto do presidente de levar ao Congresso a medida provisória que deflagra a privatização da Eletrobrás ajudou a valorizar suas ações.
A MP 1031 (Eletrobrás) teve objetivos vitais para o êxito do governo. Um deles foram os grandes investidores privados, nacionais e internacionais.
A MP também é uma investida contra aumentos tão cruéis quanto os dos combustíveis: só em 2021, o povo amarga alta de 13% na conta de luz.