BRASÍLIA
Candidatura de Izalci sofre pressão de aliados
A Aliança Alternativa estuda mudar a cabeça de chapa na corrida pelo Palácio do Buriti. Segundo um dos mentores do grupo, o senador Cristovam Buarque (PPS), se o atual pré-candidato titular grupo, o presidente regional provisório do PSDB, deputado federal, Izalci Lucas, não resolver os problemas judiciais dentro do próprio partido nos próximos dias, será oficialmente substituído. A coligação passará a apoiar integralmente a pré-candidatura do presidente regional do PRB, Wanderley Tavares.
A pendência judicial de Izalci está no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tucanos dissidentes questionam a prorrogação do comando provisório de Izalci. Inicialmente, o PRB indicaria o pré-candidato para o posto de vice-governador. Mas em função da instabilidade jurídica e da falta de novos aliados após o anúncio da pré-candidatura de Izalci, em 18 de maio, Tavares ganhou abertura para colocar na rua uma pré-candidatura paralela para o GDF. O movimento, a princípio alternativa de segurança, ganhou força e agora Tavares é uma opção de protagonista.
Incomodados com a situação de incerteza, Buarque e o outro articulador da Aliança, o deputado federal Rogério Rosso (PSD), organizaram uma reunião com Izalci e Tavares na tarde de ontem (20/06). “A Aliança vinga. Teremos um candidato para governador. Agora, nosso primeiro nome está com um problema de instabilidade juridíca por conta do próprio partido dele. A gente tem um vice. E em função disso pedimos para ele ficar na expectativa. Se Izalci não resolver essa instabilidade, pode haver uma troca de posição. Não pode demorar. E tem que ser uma definição para os próximos dias”, sentenciou Cristovam Buarque.
Ontem o presidente nacional do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, entrou em campo para defender o nome de Izalci. “De fato, ele está apoiando. Mas ele não disse para desrespeitar o juiz. Ele não disse: esqueça o juiz. A decisão da Justiça muda tudo”, pondera o senador. Além disso, se o TSE não julgar logo a questão, a indefinição poderá levar Izalci para o banco. Neste cenário, Buarque fechou questão em favor de Tavares.
“Nós queremos ele, Wanderley. Se PRB não vetar o nome dele é claro. Se isso acontecer, teremos que começar tudo de novo. Mas não vejo porque o PRB vetá-lo. Wanderley é o presidente de um partido importante, caminha há um ano em busca do GDF, tem propostas claras e não temos outro nome”, justificou Buarque. Na avaliação, do presidente regional do PPS, Francisco Andrade, Izalci é uma opção viável, se resolver os problemas judiciais. “O importante é resolvermos logo para irmos para a rua para trabalhar a campanha”, completou.
Segundo Rosso, as tratativas também entraram na fase decisiva para as nominatas proporcionais, seja para a Câmara Legislativa, seja para a Câmara Federal. “A fase de definições chegou”, disse o parlamentar. Além disso, o deputado planeja resgatar o apoio do também pré-candidato ao GDF, o presidente regional do PTB, Alírio Neto, que recentemente começou a construir um bloco com outra força interessada no Buriti: a pré-candidata Eliana Pedrosa (Pros).
Começa cabo de guerra
Izalci e Tavares começaram um cabo de guerra pela cabeça de chapa. A questão jurídica é a justificativa oficial, mas também pesa na balança o fôlego político de cada um. O tucano tem o mandato e apoio nacional do PSDB. Tavares conta com o respaldo local e nacional do partido, proximidade com o segmento evangélico e com Igreja Universal. No embate, nenhum dos lutadores quer jogar a toalha.
“Estamos consolidando a Aliança. As questões internas do PSDB serão resolvidas rapidamente. Alckmin já disse que me apoia. A ação no TSE não vai prosperar. Até porque, no pedido, os autores queriam me afastar liminarmente e isso foi negado pelo juíz”, declarou Izalci. O tucano enfatizou que o processo partiu de nomes ligados indiretamente ao atual governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), rival do parlamentar na disputa do Buriti.
Para mostrar fôlego, Izalci na noite de ontem reuniu-se com representantes locais e nacionais do Podemos. Além disso, pretende intensificar as tratativas com o Solidariedade. Os dois partidos ainda não bateram o martelo pelas coligações majoritárias. Caso consiga atraí-los, o tucano poderá mostrar capacidade de aglutinação de novos aliados.
Por outro lado, Tavares não enxerga mais condições para Izalci resolver a questão judicial em tempo hábil para as eleições. “Minha pré-candidatura está firme. Essa insegurança jurídica não será resolvida. Não tem mais tempo”, resumiu. Ainda na noite de ontem, Tavares fez uma reunião com os partidos evangélicos que formam a Frente Cristã.
Os pilares da proposta pré-eleitoral de Tavares são a adoção de ferramentas tecnológicas para a gestão pública e a defesa dos valores da família. Um ponto muito forte para o projeto está nas bençãos do senador Cristovam Buarque.
Saiba Mais
Para o PPS, a reeleição de Buarque é a prioridade zero.
Rosso ainda avalia se vai se lançar ou não para a segunda vaga do Senado. O PSD precisa eleger um nome para a Câmara dos Deputados.
O vice-governador Renato Santana é opção do partido para a Câmara. Mas se ele não estiver em uma nominata competitiva, Rosso tentará a vaga, por ter mais votos.
A eleição de deputado federal é também prioridade para o PRB.
Fonte: Jornal de Brasilia
Colunista
BRASÍLIA
No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF
No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, voltou a criticar o governo federal durante o Fórum Brasil | Transição Energética, realizado pelo Lide Brasil e Lide Brasília, no Brasília Palace Hotel. Com o tema “Transição energética e desenvolvimento urbano”, o evento reuniu políticos e empresários na manhã desta quarta-feira (4).
Retomando as críticas feitas na terça-feira (3), durante a 4ª Reunião de Governança Codese-GDF, Ibaneis Rocha preferiu abordar a possibilidade de redução no Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), no bojo do pacote de cortes nos gastos, anunciado semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Saiu da cabeça de alguém pouco iluminado do governo federal a ideia de atrapalhar o DF mais uma vez. Há um ano e três meses, com o apoio da classe política e empresarial, com o Paulo (Octávio) nos ajudando, nós vencemos essa batalha no Senado, porque havíamos perdido na Câmara, e conseguimos manter a correção do FCDF, na forma originária”, lembrou. “Aquela medida legislativa deu a verdadeira independência do DF, que vivia, até aquele momento, de favores do governo federal. E o que busca hoje este mal iluminado à frente do governo federal? Simplesmente retroceder e colocar novamente, não os governos, mas a população do Distrito Federal a serviço do governo federal. Eles não conseguem admitir que a capital da República não seja submissa a eles”, completou.
Ibaneis reclamou da medida impositiva do governo Lula. “Não houve diálogo nem com a bancada deles aqui. É uma medida absurda do ponto de vista legal, financeiro e conceitual. A comparação feita, pelo ministro Fernando Haddad e por alguns da equipe econômica, com os fundos de desenvolvimento do Nordeste, da Amazônia e do Centro-Oeste destoa totalmente da finalidade do FCDF. Os primeiros são para desenvolvimento e investimento para que estas regiões mais carentes possam ter sustentabilidade e uma economia que gera emprego e renda. Já o FCDF é um fundo de custeio para as forças de segurança, a saúde e a educação da capital. Essa característica é que traz a necessidade de manutenção da sua forma de correção”, afirmou, apontando o risco de achatamento destas categorias e elogiando a posição tomada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que defendeu a manutenção das regras do FCDF.
As críticas do governador encontraram eco junto aos outros participantes da solenidade de abertura do Fórum Brasil. O decano do Supremo Tribunal federal (STF), ministro Gilmar Mendes, reforçou o papel de Brasília e do Fundo Constitucional do DF.
“Em apoio às palavras do governador Ibaneis que é preciso entender o papel de Brasília no contexto geral. E foi neste cenário que se pensou, no governo Fernando Henrique Cardoso, no Fundo Constitucional, para estruturar Brasília de maneira adequada, tanto com responsabilidade fiscal. Brasília podia se tornar um centro de criminalidade, infelizmente, e por isso era ter condições de desenvolvimento”, rememorou
O ministro destacou ainda os desafios sociais enfrentados pela capital, como o Sol Nascente, maior favela do Brasil. “Não é um título que a gente queira ter. É preciso que os fundos sejam bem aplicados e que haja atenção em relação a esta temática. Brasília é importante para o desenvolvimento nacional, desde o projeto de Juscelino Kubitschek. O País ainda não percebeu o estadista grandioso que ele foi”, completou.
Para Paulo Octávio, presidente do lide Brasília e co-anfitrião do encontro, a alteração causa insegurança jurídica. “Na época, como deputado e depois senador, ajudei a fazer o Fundo, no governo Fernando Henrique Cardoso. O último ato dele como presidente da República, em dezembro de 2002, foi sancionar a criação do Fundo, que foi apoiado por todos os parlamentares, da Câmara, do Senado. O FCDF veio beneficiar uma cidade que nasceu para ser a capital da República e, de repente, querem mudar a forma dos reajustes, como está acontecendo agora. Isso aconteceu ano passado, nós conseguimos ganhar no Congresso, e a gente conseguiu reverter a situação. E agora, de repente, vem nesse pacote uma nova ameaça”, destacou.
“Como o governador Ibaneis colocou bem, é um prejuízo que vai aumentar a cada ano. Começa com prejuízo de R$ 1 bilhão, depois vai aumentando, porque a forma do reajuste será diferenciada e, logicamente, teremos menos recursos. É muito grave para uma cidade de crescimento, que não tem indústrias, que nasceu para ser a sede das embaixadas, da Justiça do nosso País e do governo. Brasília não pode ser comparada com outras capitais. Ela é diferenciada desde a sua criação. Nós temos que respeitar e parar de mudar as leis de acordo com o governante que está no momento”, disse.
O empresário confia que Congresso vai encarar com seriedade o assunto. “O partido a que pertenço, o PSD, já deu o total apoio para a não aprovação dessa mudança. Eu tenho certeza que os outros partidos também vão fazer o mesmo. É uma questão muito séria e não pode ser tratada da forma como vem sendo”, disse. Ele avaliou ainda que o ajuste nas contas públicas não precisa prejudicar a cidade.
“Brasília, dentro do panorama da redução de gastos de R$ 70 bilhões, é muito pequena. Não é prejudicando uma cidade que você vai fazer esse ajuste. Eu acho que a economia tem que vir de outras áreas, onde se gasta mais. Acho que o governo tem a sua equipe econômica para analisar e há forma de reduzir. Os orçamentos de alguns ministérios são imensos, então acho que se pode fazer um ajuste fiscal sem prejudicar uma cidade. É essa contrariedade que levamos ao governo federa. Não é justo mexer com uma cidade, com um projeto que já está aprovado, que é constitucional, que foi já discutido há tanto tempo. Não devemos atrapalhar uma coisa que funciona bem”, concluiu
Avanços e desafios na transição energética
Tema principal dos debates, os avanços e desafios da transição energética no Brasil foram foco de dois painéis. A energia limpa, especialmente a solar e a eólica, foram o foco das soluções para transformar o Brasil em um líder global. Para o ministro Gilmar Mendes, do STF, a importância da energia limpa é clara especialmente a solar e a hidrelétrica. Ele também alertou para os riscos das mudanças climáticas, citando que enchentes e secas são sinais de que políticas ambientais são urgentes.
Anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30), o governador do Pará, Helder Barbalho, abordou o mercado de créditos de carbono. No estado, já foram certificadas 300 milhões de toneladas de carbono, com 12 milhões comercializadas por cerca de R$ 1 bilhão. “Esse mercado representa uma nova economia para o Pará, beneficiando comunidades e incentivando práticas sustentáveis”, disse o governador, que atribuiu o resultado à redução do desmatamento.
Ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates falou dos na transição energética no Brasil. Apesar do potencial do País nos campos de energia eólica e solar, é preciso um planejamento regional que pode gerar tensões. “Cada região precisará resolver suas demandas energéticas de forma local, o que pode gerar conflitos, especialmente em um país com matrizes tão diversas”, afirmou. Ele também cobrou uma estratégia clara para que o Brasil use sua posição privilegiada de forma eficaz.
O economista Roberto Giannetti, head do Lide Infraestrutura, falou do avanço das tecnologias de hidrogênio verde e baterias estáticas, que serão braços essenciais na transição energética. “O hidrogênio verde será fundamental para setores como a mobilidade urbana e a indústria. E as baterias estáticas resolverão problemas de intermitência na geração de energia renovável, como solar e eólica”, disse.
Paulo Octávio falou do crescimento da energia solar na capital federal. Atualmente, 20% dos empreendimentos em Brasília utilizam energia solar. E em seus próprios empreendimentos a energia é 100% solar. “A energia solar é uma fonte limpa, econômica e sustentável, que oferece redução de até 20% nos custos para os consumidores”, afirmou.
Ele também defendeu o planejamento antes da criação de bairros, para melhorar a vida dos cidadãos e apoiar a transição energética. “As cidades crescem no Brasil, muitas vezes, de forma desordenada. Discutir o planejamento futuro de como o cidadão vai viver melhor nas cidades é um grande tema. Acho que todos os prefeitos têm que participar. Porque o urbanismo é uma questão social e de qualidade de vida das pessoas”, destacou.
“Nós vivemos em uma cidade que foi planejada, talvez com a melhor qualidade de vida do mundo. O projeto inicial foi respeitado, a cidade foi tombada e continua sendo preservada por todos os governos que por aqui passam. O que está em jogo é o homem e a qualidade das pessoas. Eu defendo, inclusive, que as cidades sejam planejadas. Não adianta construir cidades espalhadas porque depois o governo não tem condições de levar a infraestrutura”, concluiu.
Fonte: Ascom Paulo Octávio
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