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Candidatas acusam PSDB-DF de “manobra” para atingir cota de 30%

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Segundo duas postulantes à CLDF, partido inflou número de candidatas para atingir limite legal, mas não deu estrutura de campanha

Além das suspeitas de lançar “laranjas” nas eleições de 2018, o PSDB foi acusado de não prestar qualquer apoio a algumas candidatas. É o caso da cantora Lucimara Fagundes, 35 anos. No ano passado, ela concorreu a uma vaga de deputada distrital pela terceira vez. Inconformada com a falta de apoio, a cantora gospel denunciou o PSDB ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e diz que processará o partido. O MPDFT encaminhou o caso à Procuradoria-Geral Eleitoral, do Ministério Público Federal (MPF).

Na versão de Lucimara, foi o presidente do partido, o senador Izalci Lucas, que pediu para que ela  tentasse se eleger. “Eu nem queria ser candidata. Quando me decidi, pensei que o partido me daria todo o apoio, que teria o meu aparato financeiro para colocar o meu pessoal nas ruas e fazer uma campanha digna. Mas eles [integrantes do PSDB] falaram que iriam impugnar a minha candidatura porque reivindiquei os meus direitos”, conta.

Veja o depoimento:

Segundo a ex-candidata, houve muitos desentendimentos dentro do PSDB em torno dos pleitos femininos. Para ela, algumas candidaturas foram preteridas em virtude de outrase muitas existiam apenas no papel e tiveram verbas direcionadas para outras postulantes dentro da legenda.

“O PSDB contratou uma empresa que exigiu a nossa conta bancária e senha. Me recusei a assinar. Meu advogado disse que eu não precisava concordar com isso para receber o recurso, tanto que preenchi o requerimento e estava apta. Preferi contratar profissionais e fazer eu mesma a minha prestação de contas”, diz Lucimara. Até o momento, as informações não constam no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

IGO ESTRELA/METRÓPOLES

Igo Estrela/Metrópoles

Lucimara Fagundes diz que foi convidada a se candidatar e não recebeu apoio do PSDB

Falta de apoio
Outra candidata a deputada distrital pela legenda, que pediu para não ter o nome divulgado, disse também não ter recebido recursos para a produção de material de campanha, deslocamento e contratação de serviços.

Membro da igreja Ministério da Fé, em Taguatinga, da ex-deputada Sandra Faraj (PR), ela tinha a intenção de tentar vaga pelo mesmo partido da pastora mas, quando foi consultar o sistema do TSE, descobriu que já era filiada ao PSDB. “Eu tinha essa filiação e nem sabia. Preenchi uns formulários em uma reunião na época do Roriz e não sabia que aquilo era uma ficha de filiação. Como já queria ser candidata, saí pelo partido mesmo”, lembra.

Segundo ela, houve a promessa de repasse de R$ 2 mil para a produção de santinhos, sob a condição de o material vir casado com as fotos dos então candidatos ao Senado Izalci, ao GDF Alberto Fraga (DEM), e à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB). “Como não apoio nenhum deles, não aceitei. Me senti sabotada”, disse.

A mulher também denuncia que as responsáveis pelo PSDB Mulher marcavam reuniões e avisavam apenas algumas candidatas. “Só chamavam as que interessavam ao partido.”

Extratos
Guilherme Sturm, sócio da Essent Jus, empresa de prestação de contas mencionada por Lucimara, diz que a companhia solicitou apenas a senha que dá acesso à emissão de extratos bancários, para acompanhar a movimentação e informar ao TSE, dentro do prazo estabelecido pela legislação, toda movimentação financeira da campanha.

“A senha tem a finalidade de servir ao contador, ela não movimenta a conta. O nosso interesse é fazer a prestação das contas com a maior transparência da destinação desses recursos, sobretudo os do fundo especial”, explica Sturm. Em 2018, a empresa Essent Jus, com sede no Rio Grande do Sul, atendeu 14 legendas.

Para o advogado especialista em direito eleitoral Bruno Beleza, não existe uma regra que obrigue o partido a distribuir, de forma igualitária, a verba da cota feminina. “Se o partido quiser, pode colocar todo o dinheiro na campanha daquela candidata que a legenda considera ter mais chances de ser eleita. O que precisam cumprir é o requisito: se receberam R$ 10 milhões, têm de destinar R$ 3 milhões para as mulheres”, detalha.

“Não há irregularidade”
O também advogado Bruno Rangel, especialista em direito eleitoral, faz coro ao colega. Para ele, questões relativas à divisão da cota devem ser tratadas e resolvidas internamente. “O financiamento não é exclusividade do partido, o candidato também pode buscar recursos e apoio de outras formas”, explica.

Para Rangel, ainda que pesem suspeitas de que as candidaturas tiveram apenas a finalidade de atingir os 30% de mulheres, tal prática não chega a ser classificada como candidatura laranja.

“Os motivos pelos quais uma candidatura laranja ocorre são os mais variados. Pode ser uma candidatura fictícia, que só existe no plano formal. Geralmente, a postulante nem sabe e, em alguns casos, pegam-se os documentos, inserem-se os dados sem que a pessoa tenha conhecimento. Para saber se uma candidatura existiu de fato, é preciso observar uma série de fatores, e não apenas o número de votos”, afirma Rangel.

Já Bruno Beleza explica que a combinação do recebimento de altos valores, votação pífia e destinação de recursos para empresas de familiares, amigos ou de pessoas ligadas ao núcleo de um partido podem caracterizar uma candidatura laranja.

Procurado pela reportagem, o presidente do PSDB-DF, Izalci Lucas, negou qualquer irregularidade e disse que as decisões foram tomadas pela Executiva Nacional.

“O PSDB foi o primeiro partido no Brasil a adotar cota de 30% para mulheres, antes da decisão do STF. Não há obrigatoriedade de destinação a A, B ou C. Aos partidos interessa [as vagas de] deputado federal e, normalmente, o partido ajuda os federais que têm mandato. A [Executiva] Nacional ajudou quem tinha potencial. Os distritais geralmente nem recebem, eles têm ajuda dos candidatos a deputado federal”, explica Izalci.

Segundo ele, a denúncia ocorreu devido à falta de conhecimento sobre as normas. “Entrar com representação no Ministério Público sem saber de nada é manifestação de ignorância. Não há irregularidade, só falta de conhecimento da legislação”, disparou o senador.

Fonte: Metropolis

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No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF

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No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, voltou a criticar o governo federal durante o Fórum Brasil | Transição Energética, realizado pelo Lide Brasil e Lide Brasília, no Brasília Palace Hotel. Com o tema “Transição energética e desenvolvimento urbano”, o evento reuniu políticos e empresários na manhã desta quarta-feira (4).

Retomando as críticas feitas na terça-feira (3), durante a 4ª Reunião de Governança Codese-GDF, Ibaneis Rocha preferiu abordar a possibilidade de redução no Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), no bojo do pacote de cortes nos gastos, anunciado semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Saiu da cabeça de alguém pouco iluminado do governo federal a ideia de atrapalhar o DF mais uma vez. Há um ano e três meses, com o apoio da classe política e empresarial, com o Paulo (Octávio) nos ajudando, nós vencemos essa batalha no Senado, porque havíamos perdido na Câmara, e conseguimos manter a correção do FCDF, na forma originária”, lembrou. “Aquela medida legislativa deu a verdadeira independência do DF, que vivia, até aquele momento, de favores do governo federal. E o que busca hoje este mal iluminado à frente do governo federal? Simplesmente retroceder e colocar novamente, não os governos, mas a população do Distrito Federal a serviço do governo federal. Eles não conseguem admitir que a capital da República não seja submissa a eles”, completou.

Ibaneis reclamou da medida impositiva do governo Lula. “Não houve diálogo nem com a bancada deles aqui. É uma medida absurda do ponto de vista legal, financeiro e conceitual. A comparação feita, pelo ministro Fernando Haddad e por alguns da equipe econômica, com os fundos de desenvolvimento do Nordeste, da Amazônia e do Centro-Oeste destoa totalmente da finalidade do FCDF. Os primeiros são para desenvolvimento e investimento para que estas regiões mais carentes possam ter sustentabilidade e uma economia que gera emprego e renda. Já o FCDF é um fundo de custeio para as forças de segurança, a saúde e a educação da capital. Essa característica é que traz a necessidade de manutenção da sua forma de correção”, afirmou, apontando o risco de achatamento destas categorias e elogiando a posição tomada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que defendeu a manutenção das regras do FCDF.

As críticas do governador encontraram eco junto aos outros participantes da solenidade de abertura do Fórum Brasil. O decano do Supremo Tribunal federal (STF), ministro Gilmar Mendes, reforçou o papel de Brasília e do Fundo Constitucional do DF.

“Em apoio às palavras do governador Ibaneis que é preciso entender o papel de Brasília no contexto geral. E foi neste cenário que se pensou, no governo Fernando Henrique Cardoso, no Fundo Constitucional, para estruturar Brasília de maneira adequada, tanto com responsabilidade fiscal. Brasília podia se tornar um centro de criminalidade, infelizmente, e por isso era ter condições de desenvolvimento”, rememorou

O ministro destacou ainda os desafios sociais enfrentados pela capital, como o Sol Nascente, maior favela do Brasil. “Não é um título que a gente queira ter. É preciso que os fundos sejam bem aplicados e que haja atenção em relação a esta temática. Brasília é importante para o desenvolvimento nacional, desde o projeto de Juscelino Kubitschek. O País ainda não percebeu o estadista grandioso que ele foi”, completou.

Para Paulo Octávio, presidente do lide Brasília e co-anfitrião do encontro, a alteração causa insegurança jurídica. “Na época, como deputado e depois senador, ajudei a fazer o Fundo, no governo Fernando Henrique Cardoso. O último ato dele como presidente da República, em dezembro de 2002, foi sancionar a criação do Fundo, que foi apoiado por todos os parlamentares, da Câmara, do Senado. O FCDF veio beneficiar uma cidade que nasceu para ser a capital da República e, de repente, querem mudar a forma dos reajustes, como está acontecendo agora. Isso aconteceu ano passado, nós conseguimos ganhar no Congresso, e a gente conseguiu reverter a situação. E agora, de repente, vem nesse pacote uma nova ameaça”, destacou.

“Como o governador Ibaneis colocou bem, é um prejuízo que vai aumentar a cada ano. Começa com prejuízo de R$ 1 bilhão, depois vai aumentando, porque a forma do reajuste será diferenciada e, logicamente, teremos menos recursos. É muito grave para uma cidade de crescimento, que não tem indústrias, que nasceu para ser a sede das embaixadas, da Justiça do nosso País e do governo. Brasília não pode ser comparada com outras capitais. Ela é diferenciada desde a sua criação. Nós temos que respeitar e parar de mudar as leis de acordo com o governante que está no momento”, disse.

O empresário confia que Congresso vai encarar com seriedade o assunto. “O partido a que pertenço, o PSD, já deu o total apoio para a não aprovação dessa mudança. Eu tenho certeza que os outros partidos também vão fazer o mesmo. É uma questão muito séria e não pode ser tratada da forma como vem sendo”, disse. Ele avaliou ainda que o ajuste nas contas públicas não precisa prejudicar a cidade.

“Brasília, dentro do panorama da redução de gastos de R$ 70 bilhões, é muito pequena. Não é prejudicando uma cidade que você vai fazer esse ajuste. Eu acho que a economia tem que vir de outras áreas, onde se gasta mais. Acho que o governo tem a sua equipe econômica para analisar e há forma de reduzir. Os orçamentos de alguns ministérios são imensos, então acho que se pode fazer um ajuste fiscal sem prejudicar uma cidade. É essa contrariedade que levamos ao governo federa. Não é justo mexer com uma cidade, com um projeto que já está aprovado, que é constitucional, que foi já discutido há tanto tempo. Não devemos atrapalhar uma coisa que funciona bem”, concluiu

Avanços e desafios na transição energética
Tema principal dos debates, os avanços e desafios da transição energética no Brasil foram foco de dois painéis. A energia limpa, especialmente a solar e a eólica, foram o foco das soluções para transformar o Brasil em um líder global. Para o ministro Gilmar Mendes, do STF, a importância da energia limpa é clara especialmente a solar e a hidrelétrica. Ele também alertou para os riscos das mudanças climáticas, citando que enchentes e secas são sinais de que políticas ambientais são urgentes.

Anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30), o governador do Pará, Helder Barbalho, abordou o mercado de créditos de carbono. No estado, já foram certificadas 300 milhões de toneladas de carbono, com 12 milhões comercializadas por cerca de R$ 1 bilhão. “Esse mercado representa uma nova economia para o Pará, beneficiando comunidades e incentivando práticas sustentáveis”, disse o governador, que atribuiu o resultado à redução do desmatamento.

Ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates falou dos na transição energética no Brasil. Apesar do potencial do País nos campos de energia eólica e solar, é preciso um planejamento regional que pode gerar tensões. “Cada região precisará resolver suas demandas energéticas de forma local, o que pode gerar conflitos, especialmente em um país com matrizes tão diversas”, afirmou. Ele também cobrou uma estratégia clara para que o Brasil use sua posição privilegiada de forma eficaz.

O economista Roberto Giannetti, head do Lide Infraestrutura, falou do avanço das tecnologias de hidrogênio verde e baterias estáticas, que serão braços essenciais na transição energética. “O hidrogênio verde será fundamental para setores como a mobilidade urbana e a indústria. E as baterias estáticas resolverão problemas de intermitência na geração de energia renovável, como solar e eólica”, disse.

Paulo Octávio falou do crescimento da energia solar na capital federal. Atualmente, 20% dos empreendimentos em Brasília utilizam energia solar. E em seus próprios empreendimentos a energia é 100% solar. “A energia solar é uma fonte limpa, econômica e sustentável, que oferece redução de até 20% nos custos para os consumidores”, afirmou.

Ele também defendeu o planejamento antes da criação de bairros, para melhorar a vida dos cidadãos e apoiar a transição energética. “As cidades crescem no Brasil, muitas vezes, de forma desordenada. Discutir o planejamento futuro de como o cidadão vai viver melhor nas cidades é um grande tema. Acho que todos os prefeitos têm que participar. Porque o urbanismo é uma questão social e de qualidade de vida das pessoas”, destacou.

“Nós vivemos em uma cidade que foi planejada, talvez com a melhor qualidade de vida do mundo. O projeto inicial foi respeitado, a cidade foi tombada e continua sendo preservada por todos os governos que por aqui passam. O que está em jogo é o homem e a qualidade das pessoas. Eu defendo, inclusive, que as cidades sejam planejadas. Não adianta construir cidades espalhadas porque depois o governo não tem condições de levar a infraestrutura”, concluiu.

Fonte: Ascom Paulo Octávio

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