Como a Jeep transformou o Compass de patinho feio em best-seller

Como a Jeep transformou o Compass de patinho feio em best-seller


Não faz muito tempo que uma trend surgiu na internet, levando pessoas de todo o mundo a mostrarem sua evolução pessoal nos últimos anos — seja no trabalho, na aparência ou nas habilidades. Não é difícil entender por que fez tanto sucesso; afinal, todos gostamos de mostrar como melhoramos com o tempo.

Fazendo um paralelo com os carros, a americana Jeep, que hoje está sob a bandeira do conglomerado Stellantis, também poderia facilmente participar desse viral com as gerações do seu SUV médio, o Compass. Dizer que o modelo é um sucesso é praticamente chover no molhado — basta olhar as ruas, cheias com o utilitário esportivo da marca. Foram nada menos que 466.393 unidades só da segunda geração produzidas até o fim de 2024, na planta de Goiana, em Pernambuco.

O Jeep da recessão

Mas antes do modelo nacional, a Jeep chegou a oferecer no mercado brasileiro a primeira encarnação do SUV, ainda com traços de sua origem DaimlerChrysler — parceria entre a americana com o grupo alemão que durou pouco, apenas entre 1998 e 2007. Se você se lembrar, 2007 não foi exatamente um bom ano para a economia mundial, que já se preparava para uma recessão global no ano seguinte, resultante da queda dos preços dos imóveis e do aumento do número de devedores que não conseguiam pagar seus empréstimos, principalmente os hipotecários.

E isso, obviamente, afetou todas as marcas de carro daquela época, em especial as americanas. O grupo General Motors entrou com pedido de falência pouco depois, sendo obrigado a reestruturar toda a sua linha de produtos. A Ford teve quedas históricas, chegando a um prejuízo recorde de US$ 14,6 bilhões. Mas a mais afetada, sem dúvidas, foi o grupo Chrysler.



Jeep Compass de primeira geração

Foto de: Motor1 Brasil

Os modelos que viriam para “salvar” o grupo, como a primeira geração do Compass ou o Dodge Caliber — uma espécie de hatch com altura de SUV — foram considerados de baixa qualidade. Muito disso vinha da tentativa de redução de custos, com plataformas antigas e reaproveitadas em diversos modelos, problemas elétricos e padrão de montagem baixo que não resistiam ao tempo.

O design também era motivo de críticas. Na dianteira, os primeiros Compass tinham grade desproporcional para o tamanho do carro, enquanto os faróis possuíam visual arredondado e pequeno, contando com as setas separadas. Na lateral e na traseira, recortes retilíneos se assemelhavam levemente ao irmão maior Cherokee.



Jeep Compass de primeira geração era figurante no segmento

Foto de: Motor1 Brasil

No Brasil, chegou em 2012

Em 2011, recebeu uma boa renovação que abrangeu principalmente a parte dianteira, aproximando-se mais do seu irmão maior. As sete fendas passaram a ter tamanho mais alinhado com os faróis, que também se tornaram retilíneos. Foi com esse visual que o modelo desembarcou no país, um ano depois.

Naquela época, sua concorrência tinha nomes de peso: Honda CR-V, que chegava com isenção de IPI do México; Kia Sportage, que recém havia adotado o visual mais agressivo e urbano da terceira geração; Volkswagen Tiguan, que vinha com o esperto 2.0 TSI direto da Europa; Mitsubishi ASX, que utilizava a mesma plataforma do Compass, mas com visual mais próximo do sedã Eclipse; e o Hyundai ix35, que chegava para ocupar o espaço do Tucson como principal SUV médio da marca coreana.



Jeep Compass de primeira geração

Foto de: Motor1 Brasil

Ao preço de R$ 99.990, o SUV da Jeep chegava com a missão de brigar em um segmento já concorrido e que não era explorado pela marca americana, que até então havia feito sua história no país vendendo modelos maiores e mais luxuosos, como o Grand Cherokee e o Wrangler. Mas a meta era tímida: 2.000 unidades por ano.

Vendido em versão única, contava apenas com um motor 2.0 de quatro cilindros, aspirado, que gerava parcos 156 cv a 6.300 rpm e 19,4 m.kgf a 5.100 rpm. Na transmissão, era sempre associado ao câmbio Jatco CVT2, com simulação de seis velocidades. Nem é preciso dizer que vendeu pouco. No total, durante o tempo em que foi vendido no Brasil — de 2012 até agosto de 2016 — emplacou somente 1.892 unidades.



Jeep Compass Longitude 2.0

De esquecido a queridinho 

Foi somente com a chegada da segunda geração do Compass — agora pensada para o mercado global e já feita sob a fusão entre Fiat e Chrysler — que o SUV médio começou a se destacar. O glow-up veio na forma de um carro mais urbano, com motorizações variadas (que iam desde o 2.0 aspirado flex até um 2.0 turbodiesel) e fabricação nacional, o que permitia à marca trabalhar com maior volume.

Isso deu ao modelo liderança absoluta em seu segmento, que já se mantém no pódio entre os médios desde 2016. E não parece que isso mudará tão cedo, já que seus concorrentes mais próximos, como CAOA Chery Tiggo 7 e Toyota Corolla Cross, ainda possuem boa diferença nos números totais, como visto no ranking de 2024. Com 50.046 unidades, o modelo da Jeep emplacou 19.154 unidades a mais que o Tiggo 7 (30.892), e cerca de 2.262 unidades a mais que o da Toyota (47.784).



Jeep Compass (2025)

Foto de: Jeep



Jeep Compass (2025)

Foto de: Jeep

Em breve, também deveremos ver a terceira geração do SUV. Já apresentada na Europa, a nova encarnação do Compass passou por uma renovação completa, adotando nova plataforma, linha totalmente eletrificada e um visual que mescla tradição com modernidade. Por dentro, o destaque vai para as telas de até 16 polegadas, voltadas ao público mais jovem, além de uma inédita versão elétrica com potência próxima dos 400 cv.

A estreia comercial na Europa está prevista para o fim de 2025 ou início de 2026. Já para o Brasil, o lançamento ainda não foi confirmado, mas os investimentos de R$ 13 bilhões na planta de Goiana (PE) até 2030, anunciados pela Stellantis neste ano, aumentam as chances de o novo Compass ser produzido localmente. A expectativa é de que o SUV receba por aqui a nova família de motores Bio-Hybrid e, possivelmente, até uma versão elétrica importada.



Motor1

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