Pesquisar

BRASÍLIA

Conselho do TJDFT absolve Liliane Roriz em ação de lavagem de dinheiro

[metaslider id="828891"]

Publicados

em

[metaslider id="791527"]

Por 17 votos a 1, desembargadores entenderam que a ex-deputada não pode ser responsabilizada pelas atitudes do pai, Joaquim Roriz

Rafaela Felicciano/Metrópoles

A ex-deputada distrital Liliane Roriz foi absolvida por 17 votos a 1 pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), na tarde desta terça-feira (22/1), no julgamento da ação penal sobre lavagem de dinheiro. De acordo com denúncia do Ministério Público (MPDFT), ela teria recebido dois apartamentos no Residencial Monet, fruto de crimes contra a administração pública praticados pelo pai, o ex-governador Joaquim Roriz – morto em setembro de 2018. O repasse teria sido feito em nome da filha da ex-distrital por meio de contrato simulado de compra e venda.

O relator da ação contra a ex-parlamentar, desembargador Silvânio Barbosa dos Santos, julgou improcedente a denúncia do MP, votando pela absolvição. Segundo ele e outros 16 desembargadores, Liliane não pode ser responsabilizada pelas ações do patriarca. “Não se pode esquecer que requisitos para a cegueira deliberada são imprescindíveis de elementos concretos sobre a ilicitude do ato. Quais elementos concretos na época do delito, 2006, seriam capazes de gerar na mente que seu genitor, político de renome nacional, pecuarista, estaria envolvido em conluio?”, ponderou.

Segundo o MPDFT, Joaquim Roriz teria usado a influência política para intermediar a concessão e a repactuação de financiamento junto ao Banco de Brasília (BRB) para beneficiar a WRJ Engenharia de Solos e Materiais. Em troca, a empresa teria entregue a Roriz e familiares 12 apartamentos como pagamento de vantagem indevida.

O MPDFT foi representado no julgamento pela vice-procuradora-geral de Justiça Jurídico-Administrativa, Selma Sauerbronn. Segundo ela, a filha da ex-distrital, Bárbara, ficou com as unidades 1001 e 1103 do residencial. Outras foram distribuídas a demais familiares do clã. “Não deixam dúvida que os 12 imóveis não somente foram transferidos para eles como foram usufruídos”, sustentou.

Outra prova do esquema fraudulento apresentada pelo Ministério Público é a aquisição, em 3 de abril de 2007, de 193 hectares de terra da Fazenda Jacobina, em Luziânia (GO), por meio de agropecuária que seria de ex-empregados da família, no valor de R$ 350 mil reais. O negócio teria sido feito “em troca do repasse de duas das 12 unidades residenciais recebidas pela WRJ”.

“Não há na denúncia qualquer afirmação de que os imóveis teriam sido doados, mas que teriam sido entregues aos réus como vantagem indevida. Obviamente não foi lavrada escritura pública nem registro em cartório. A acusada atuou no mínimo cegamente e de forma deliberada”, destacou a vice-procuradora-geral do MPDFT.

O revisor, desembargador João Timóteo de Oliveira, seguiu o voto do relator e decidiu pela absolvição. Para o magistrado, a influência política não está caracterizada nos autos em relação a Liliane. “Consta a regularidade do financiamento. Não há provas que Liliane teria infligido nas negociações para financiamento e renegociação da dívida”, declarou. Apenas um votou pela condenação: o do desembargador Humberto Ulhôa.

Ao proferir voto pela improcedência da ação penal, o desembargador Diaulas Costa Ribeiro citou Joaquim Roriz como o cérebro da família. “O negócio envolvendo os 12 apartamentos é manifestamente nebuloso. É preciso colocar a acusada em seu lugar: de filha de patriarca protetor e defensor. Não vejo nenhum elemento nos autos que tenha demonstrado que Liliane tenha tido condições de ter autonomia e exercício crítico das ações do pai.”

Defesa
Mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que limitou o alcance do foro privilegiado, a competência do julgamento da ação contra Liliane, que não é mais parlamentar, permaneceu no Conselho, pois o processo estava em alegações finais à época da determinação.

No entanto, o advogado de defesa Eri Varela defendeu que o processo voltasse a uma instância inferior, para apreciação de um juiz singular, uma vez que Liliane não era deputada na época dos fatos e, agora, não exerce mais mandato parlamentar. “Fico a indagar e a pensar, diante da exposição tão grande da subprocuradora, se não seria mais crível descer os autos e declarar incompetência?”, ponderou.

Varela considerou que o MPDFT voltou a apresentar novos documentos após as alegações finais. “A defesa entende e requer em questão prejudicial, considerando que tais fatos não estão vinculados ao exercício de mandato.”

O defensor também sustentou que não há “nenhuma prova de influência de Joaquim Roriz”, conforme denuncia o MP. “Não consta nos autos que o governador tenha solicitado, pedido ou autorizado. O empréstimo seguiu o padrão natural do banco. A propriedade resta alienada fiduciariamente. Alienada, nenhuma unidade poderia ser negociada sem a anuência do banco, o credor”, disse Varela. “Nenhuma das unidades foi ocupada pelos membros da família.”

Argumentou, ainda, não haver crime antecedente para caracterizar a lavagem de dinheiro, ou seja, não há ciência do delito. “Não posso lavar, esquentar, embranquecer aquilo que não sei se é crime ou não. Preciso ter a ciência inequívoca porque esse é o elemento subjetivo de integração ao crime”, disse o advogado. Segundo ele, Liliane “não fechou a operação, não deu os 15 mil de sinal e não pagou as parcelas”.

Na análise da preliminar sobre a competência da Corte, o relator defendeu que a competência para julgar o processo é do Conselho Especial. “Eu interpreto que a exceção se aplica a qualquer ação penal”, declarou. Apenas o desembargador Sérgio Rocha divergiu, alegando que os fatos que teriam sido praticados por Liliane não têm a ver com o mandato e, por isso, não haveria foro.

Em nota, o MPDFT informou que vai avaliar a possibilidade de recurso.

Memória
Em maio de 2016, o Conselho Especial do TJDFT acolheu, por unanimidade, denúncia contra a então deputada distrital Liliane Roriz por lavagem de dinheiro. A investigação aponta que os imóveis foram objetos de crimes relacionados ao desvio de dinheiro supostamente praticados por Roriz e outros réus em ações penais diferentes. O ex-chefe do Executivo local, funcionários do BRB e proprietários da construtora foram investigados pela prática de corrupção passiva e ativa.

A defesa da então deputada alegou, à época, que o processo não deveria prosseguir, pois não descrevia adequadamente as ações de cada autor. Liliane também argumentou que a Constituição Federal prevê que nenhuma acusação pode ultrapassar as pessoas que participaram de um eventual crime e a impossibilidade da configuração do crime de corrupção passiva e a inexistência de crime anterior impedem a caracterização do delito de lavagem. Sustentou, também, que não tinha ciência de qualquer tratativa feita pelo seu pai em relação ao tema tratado na denúncia.

Condenada
A ex-distrital já foi condenada em ação penal por compra de votos e fraude eleitoral nas eleições de 2010, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF). Em junho de 2018, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luiz Fux determinou a execução imediata das punições impostas a ela.

Na ação penal foi analisada a responsabilidade criminal de Liliane Roriz pela omissão, na prestação de contas eleitorais, de informação sobre o recebimento de doações em dinheiro e realização de gastos de campanha, além de promessa de nomeação em cargo público a eleitores se ela viesse a ser eleita.

A herdeira do clã Roriz foi inicialmente condenada a 4 anos, 5 meses e 8 dias de prisão em regime semiaberto e a multa de R$ 32,4 mil. A reclusão, no entanto, foi substituída por pena restritiva de direitos, como prestação de serviços à comunidade. Liliane recorreu do veredicto do TRE-DF e levou o caso ao TSE. O pedido de revisão da condenação ainda será avaliado pela corte superior.

Fonte: Metropolis

Clique para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe uma resposta

BRASÍLIA

No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF

Publicados

em

Por

No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, voltou a criticar o governo federal durante o Fórum Brasil | Transição Energética, realizado pelo Lide Brasil e Lide Brasília, no Brasília Palace Hotel. Com o tema “Transição energética e desenvolvimento urbano”, o evento reuniu políticos e empresários na manhã desta quarta-feira (4).

Retomando as críticas feitas na terça-feira (3), durante a 4ª Reunião de Governança Codese-GDF, Ibaneis Rocha preferiu abordar a possibilidade de redução no Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), no bojo do pacote de cortes nos gastos, anunciado semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Saiu da cabeça de alguém pouco iluminado do governo federal a ideia de atrapalhar o DF mais uma vez. Há um ano e três meses, com o apoio da classe política e empresarial, com o Paulo (Octávio) nos ajudando, nós vencemos essa batalha no Senado, porque havíamos perdido na Câmara, e conseguimos manter a correção do FCDF, na forma originária”, lembrou. “Aquela medida legislativa deu a verdadeira independência do DF, que vivia, até aquele momento, de favores do governo federal. E o que busca hoje este mal iluminado à frente do governo federal? Simplesmente retroceder e colocar novamente, não os governos, mas a população do Distrito Federal a serviço do governo federal. Eles não conseguem admitir que a capital da República não seja submissa a eles”, completou.

Ibaneis reclamou da medida impositiva do governo Lula. “Não houve diálogo nem com a bancada deles aqui. É uma medida absurda do ponto de vista legal, financeiro e conceitual. A comparação feita, pelo ministro Fernando Haddad e por alguns da equipe econômica, com os fundos de desenvolvimento do Nordeste, da Amazônia e do Centro-Oeste destoa totalmente da finalidade do FCDF. Os primeiros são para desenvolvimento e investimento para que estas regiões mais carentes possam ter sustentabilidade e uma economia que gera emprego e renda. Já o FCDF é um fundo de custeio para as forças de segurança, a saúde e a educação da capital. Essa característica é que traz a necessidade de manutenção da sua forma de correção”, afirmou, apontando o risco de achatamento destas categorias e elogiando a posição tomada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que defendeu a manutenção das regras do FCDF.

As críticas do governador encontraram eco junto aos outros participantes da solenidade de abertura do Fórum Brasil. O decano do Supremo Tribunal federal (STF), ministro Gilmar Mendes, reforçou o papel de Brasília e do Fundo Constitucional do DF.

“Em apoio às palavras do governador Ibaneis que é preciso entender o papel de Brasília no contexto geral. E foi neste cenário que se pensou, no governo Fernando Henrique Cardoso, no Fundo Constitucional, para estruturar Brasília de maneira adequada, tanto com responsabilidade fiscal. Brasília podia se tornar um centro de criminalidade, infelizmente, e por isso era ter condições de desenvolvimento”, rememorou

O ministro destacou ainda os desafios sociais enfrentados pela capital, como o Sol Nascente, maior favela do Brasil. “Não é um título que a gente queira ter. É preciso que os fundos sejam bem aplicados e que haja atenção em relação a esta temática. Brasília é importante para o desenvolvimento nacional, desde o projeto de Juscelino Kubitschek. O País ainda não percebeu o estadista grandioso que ele foi”, completou.

Para Paulo Octávio, presidente do lide Brasília e co-anfitrião do encontro, a alteração causa insegurança jurídica. “Na época, como deputado e depois senador, ajudei a fazer o Fundo, no governo Fernando Henrique Cardoso. O último ato dele como presidente da República, em dezembro de 2002, foi sancionar a criação do Fundo, que foi apoiado por todos os parlamentares, da Câmara, do Senado. O FCDF veio beneficiar uma cidade que nasceu para ser a capital da República e, de repente, querem mudar a forma dos reajustes, como está acontecendo agora. Isso aconteceu ano passado, nós conseguimos ganhar no Congresso, e a gente conseguiu reverter a situação. E agora, de repente, vem nesse pacote uma nova ameaça”, destacou.

“Como o governador Ibaneis colocou bem, é um prejuízo que vai aumentar a cada ano. Começa com prejuízo de R$ 1 bilhão, depois vai aumentando, porque a forma do reajuste será diferenciada e, logicamente, teremos menos recursos. É muito grave para uma cidade de crescimento, que não tem indústrias, que nasceu para ser a sede das embaixadas, da Justiça do nosso País e do governo. Brasília não pode ser comparada com outras capitais. Ela é diferenciada desde a sua criação. Nós temos que respeitar e parar de mudar as leis de acordo com o governante que está no momento”, disse.

O empresário confia que Congresso vai encarar com seriedade o assunto. “O partido a que pertenço, o PSD, já deu o total apoio para a não aprovação dessa mudança. Eu tenho certeza que os outros partidos também vão fazer o mesmo. É uma questão muito séria e não pode ser tratada da forma como vem sendo”, disse. Ele avaliou ainda que o ajuste nas contas públicas não precisa prejudicar a cidade.

“Brasília, dentro do panorama da redução de gastos de R$ 70 bilhões, é muito pequena. Não é prejudicando uma cidade que você vai fazer esse ajuste. Eu acho que a economia tem que vir de outras áreas, onde se gasta mais. Acho que o governo tem a sua equipe econômica para analisar e há forma de reduzir. Os orçamentos de alguns ministérios são imensos, então acho que se pode fazer um ajuste fiscal sem prejudicar uma cidade. É essa contrariedade que levamos ao governo federa. Não é justo mexer com uma cidade, com um projeto que já está aprovado, que é constitucional, que foi já discutido há tanto tempo. Não devemos atrapalhar uma coisa que funciona bem”, concluiu

Avanços e desafios na transição energética
Tema principal dos debates, os avanços e desafios da transição energética no Brasil foram foco de dois painéis. A energia limpa, especialmente a solar e a eólica, foram o foco das soluções para transformar o Brasil em um líder global. Para o ministro Gilmar Mendes, do STF, a importância da energia limpa é clara especialmente a solar e a hidrelétrica. Ele também alertou para os riscos das mudanças climáticas, citando que enchentes e secas são sinais de que políticas ambientais são urgentes.

Anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30), o governador do Pará, Helder Barbalho, abordou o mercado de créditos de carbono. No estado, já foram certificadas 300 milhões de toneladas de carbono, com 12 milhões comercializadas por cerca de R$ 1 bilhão. “Esse mercado representa uma nova economia para o Pará, beneficiando comunidades e incentivando práticas sustentáveis”, disse o governador, que atribuiu o resultado à redução do desmatamento.

Ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates falou dos na transição energética no Brasil. Apesar do potencial do País nos campos de energia eólica e solar, é preciso um planejamento regional que pode gerar tensões. “Cada região precisará resolver suas demandas energéticas de forma local, o que pode gerar conflitos, especialmente em um país com matrizes tão diversas”, afirmou. Ele também cobrou uma estratégia clara para que o Brasil use sua posição privilegiada de forma eficaz.

O economista Roberto Giannetti, head do Lide Infraestrutura, falou do avanço das tecnologias de hidrogênio verde e baterias estáticas, que serão braços essenciais na transição energética. “O hidrogênio verde será fundamental para setores como a mobilidade urbana e a indústria. E as baterias estáticas resolverão problemas de intermitência na geração de energia renovável, como solar e eólica”, disse.

Paulo Octávio falou do crescimento da energia solar na capital federal. Atualmente, 20% dos empreendimentos em Brasília utilizam energia solar. E em seus próprios empreendimentos a energia é 100% solar. “A energia solar é uma fonte limpa, econômica e sustentável, que oferece redução de até 20% nos custos para os consumidores”, afirmou.

Ele também defendeu o planejamento antes da criação de bairros, para melhorar a vida dos cidadãos e apoiar a transição energética. “As cidades crescem no Brasil, muitas vezes, de forma desordenada. Discutir o planejamento futuro de como o cidadão vai viver melhor nas cidades é um grande tema. Acho que todos os prefeitos têm que participar. Porque o urbanismo é uma questão social e de qualidade de vida das pessoas”, destacou.

“Nós vivemos em uma cidade que foi planejada, talvez com a melhor qualidade de vida do mundo. O projeto inicial foi respeitado, a cidade foi tombada e continua sendo preservada por todos os governos que por aqui passam. O que está em jogo é o homem e a qualidade das pessoas. Eu defendo, inclusive, que as cidades sejam planejadas. Não adianta construir cidades espalhadas porque depois o governo não tem condições de levar a infraestrutura”, concluiu.

Fonte: Ascom Paulo Octávio

Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA