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Grupo de Combate ao Crime Organizado apura emendas de Israel Batista

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Órgão do MPDFT começa a investigar suspeita de que dinheiro destinado pelo distrital à programa educacional tenha sido desviado

Daniel Ferreira/Metrópoles

Conforme acusações encaminhadas ao MPDFT, as irregularidades teriam sido cometidas por Deoclécio Luiz Alves de Souza – o Didi, ex-homem de confiança do deputado –, o empresário Romero Pimentel e a Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude (Secriança). Todos teriam envolvimento no “sumiço” de parte de R$ 1,9 milhão vindo de duas emendas parlamentares: uma de R$ 946 mil, outra de R$ 977,4 mil.

O dinheiro era destinado ao projeto Sara e Sua Turma, uma iniciativa paradidática em escolas da rede pública. Porém, segundo a acusação, do montante destinado a pagamentos para a Editora Phoco – R$ 1,29 milhão –, cerca de R$ 690 mil teriam evaporado. A Phoco publicou os livros do Sara e Sua Turma.

Os recursos deveriam ser transferidos à editora por meio do Instituto Terra Utópica, uma entidade sem histórico de atuação no setor educacional que não tem sequer site ou página em redes sociais.

A responsabilidade sobre a forma como as emendas seriam repassadas ficou por conta de Deoclécio Luiz Alves de Souza. Assessor especial de gabinete que recebia R$ 5.589,42 mensais na Câmara Legislativa, Didi tinha a função de acompanhar a execução de todos os recursos oriundos de emendas de autoria de Israel Batista. Foi dele e do empresário e lobista Romero Pimentel a ideia de usar o Instituto Terra Utópica para efetuar as transferências.

Três dias após o Metrópoles procurar o gabinete de Israel Batista para comentar as denúncias, Didi foi exonerado.

Ex-servidores ligados à produtora
Outros detalhes chamam atenção para os personagens e órgãos envolvidos no caso. Deoclécio Luiz Alves de Souza, por exemplo, é dono de uma empresa de publicidade que presta serviços gratuitos para a Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude.

Didi tem como sócio Glauco Rojas Ivo – coincidentemente, ex-chefe de gabinete do deputado distrital. Rojas foi secretário de Tecnologia e do Trabalho na gestão Agnelo Queiroz (PT).

Ambos constam como proprietários da Eterna Produtora Audiovisual, localizada na QI 23 do Lago Sul. A empresa dos dois ex-servidores era a responsável por realizar filmagens do Programa #BoraVencer, iniciativa da Secriança que conta com cerca de R$ 20 milhões anuais dos cofres públicos.

O projeto prepara jovens do DF para o ingresso na universidade, seja pelo vestibular ou pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

No site da Eterna, estão listados os serviços prestados para o Programa #BoraVencer, entre eles, a gravação e a edição de vídeos do projeto. No filme disponível na página, há o registro de um desses eventos, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com vários professores e incluindo o deputado Israel Batista e até o governador Rodrigo Rollemberg (PSB). O chefe do Executivo questiona os alunos presentes sobre uma pergunta de “falso ou verdadeiro”.

 

Os sócios da Eterna Produtora Audiovisual afirmam que não receberam nem sequer um centavo dos cofres públicos e prestaram serviço “voluntário”. A Secriança também diz que não repassou verbas para a empresa.

Mas o Programa #BoraVencer contou com emendas robustas de Israel Batista. Apenas em 2017, dos R$ 12,4 milhões que o parlamentar destinou à Secriança, R$ 2 milhões foram para reforçar a iniciativa educacional. A Secretaria da Criança, aliás, é cheia de indicações políticas feitas por Israel Batista, a começar pelo atual titular do órgão, Aurélio Araújo.

Produtora usada como depósito da Secriança
Ainda que a Eterna não tenha recebido verba pública da Secriança, ajudou a pasta não apenas com a produção de material gratuito, mas também serviu de depósito para materiais comprados pela secretaria: justamente livros da iniciativa Sara e Sua Turma, projeto bancado com emendas de Israel Batista que agora passarão por escrutínio do Ministério Público.

O imóvel na QI 23 do Lago Sul era precisamente o local denunciado por uma das contadoras de histórias contratadas no âmbito do Programa Sara e Sua Turma. “Nós fazíamos mais do que devíamos, pois buscávamos os livros em uma casa do Lago Sul. Se não fosse pela gente, esse material estaria até hoje dentro de uma salinha, estragando e sem chegar às crianças”, afirma a profissional, que pediu para ter o nome preservado.

Outro lado
Procurado pela reportagem, o deputado Professor Israel Batista disse, por meio de assessoria, que Deoclécio Luiz Alves de Souza foi exonerado porque “não seguiu as normas de fiscalização das emendas propostas pelo mandato”.

Quanto à proximidade de Israel com Glauco Rojas Ivo, a assessoria afirmou que “a relação entre Glauco e o distrital é político-partidária e de amizade, além de haver contribuições do ex-secretário de Trabalho com o mandato do parlamentar”.

Ainda, conforme a assessoria do deputado informou, Israel Batista desconhecia o fato de Deoclécio e Glauco serem sócios da produtora que prestava serviço gratuito ao Programa #BoraVencer.

Sobre o estoque de livros do projeto Sara e Sua Turma na sede da Eterna Produtora Audiovisual, a assessoria de Israel Batista disse que o deputado não sabia da situação e salientou: “cabia ao Instituto Terra Utópica a execução do programa”.

O ex-chefe de gabinete Glauco Rojas Ivo negou, no primeiro contato da reportagem, ser sócio de Deoclécio na Eterna Produtora Audiovisual.

No entanto, após ter sido contestado com declaração na Receita Federal trazendo Didi como integrante do quadro societário, Glauco mudou a versão e admitiu que o ex-servidor de Israel Batista fez parte da empresa entre 5 de dezembro de 2017 e 28 de março de 2018. Nessa data, segundo Rojas, a parceria encerrou-se após a conclusão de trâmites burocráticos.

Questionado sobre o porquê de a Eterna Produtora Audiovisual ter prestado serviços gratuitos para o Programa #BoraVencer, Glauco disse que “trabalhou como voluntário apenas para criar um portfólio para sua empresa na internet”. Ele nega que tenha qualquer contrato com o GDF, incluindo publicidade.

Rojas Ivo confirmou também que Didi levou os livros do Sara e Sua Turma para a sede da agência no Lago Sul, sob o argumento de estar “atendendo um favor” de um terceiro, o qual ele não soube dizer quem era. A justificativa para guardar no imóvel privado bens adquiridos com dinheiro público seria “falta de espaço” na Secretaria da Criança.

À reportagem, Deoclécio confirmou a versão: disse que os livros foram levados para a casa no Lago Sul porque não havia outro espaço disponível para estocar o material. A Secretaria da Criança, no entanto, afirmou não saber por que as caixas com produtos da Sara e Sua Turma foram transportadas para a sede da Eterna Produtora Audiovisual.

Fonte: Metropolis

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No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF

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No Fórum Lide Brasil, Ibaneis Rocha ataca proposta de corte no reajuste do FCDF

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, voltou a criticar o governo federal durante o Fórum Brasil | Transição Energética, realizado pelo Lide Brasil e Lide Brasília, no Brasília Palace Hotel. Com o tema “Transição energética e desenvolvimento urbano”, o evento reuniu políticos e empresários na manhã desta quarta-feira (4).

Retomando as críticas feitas na terça-feira (3), durante a 4ª Reunião de Governança Codese-GDF, Ibaneis Rocha preferiu abordar a possibilidade de redução no Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), no bojo do pacote de cortes nos gastos, anunciado semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Saiu da cabeça de alguém pouco iluminado do governo federal a ideia de atrapalhar o DF mais uma vez. Há um ano e três meses, com o apoio da classe política e empresarial, com o Paulo (Octávio) nos ajudando, nós vencemos essa batalha no Senado, porque havíamos perdido na Câmara, e conseguimos manter a correção do FCDF, na forma originária”, lembrou. “Aquela medida legislativa deu a verdadeira independência do DF, que vivia, até aquele momento, de favores do governo federal. E o que busca hoje este mal iluminado à frente do governo federal? Simplesmente retroceder e colocar novamente, não os governos, mas a população do Distrito Federal a serviço do governo federal. Eles não conseguem admitir que a capital da República não seja submissa a eles”, completou.

Ibaneis reclamou da medida impositiva do governo Lula. “Não houve diálogo nem com a bancada deles aqui. É uma medida absurda do ponto de vista legal, financeiro e conceitual. A comparação feita, pelo ministro Fernando Haddad e por alguns da equipe econômica, com os fundos de desenvolvimento do Nordeste, da Amazônia e do Centro-Oeste destoa totalmente da finalidade do FCDF. Os primeiros são para desenvolvimento e investimento para que estas regiões mais carentes possam ter sustentabilidade e uma economia que gera emprego e renda. Já o FCDF é um fundo de custeio para as forças de segurança, a saúde e a educação da capital. Essa característica é que traz a necessidade de manutenção da sua forma de correção”, afirmou, apontando o risco de achatamento destas categorias e elogiando a posição tomada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que defendeu a manutenção das regras do FCDF.

As críticas do governador encontraram eco junto aos outros participantes da solenidade de abertura do Fórum Brasil. O decano do Supremo Tribunal federal (STF), ministro Gilmar Mendes, reforçou o papel de Brasília e do Fundo Constitucional do DF.

“Em apoio às palavras do governador Ibaneis que é preciso entender o papel de Brasília no contexto geral. E foi neste cenário que se pensou, no governo Fernando Henrique Cardoso, no Fundo Constitucional, para estruturar Brasília de maneira adequada, tanto com responsabilidade fiscal. Brasília podia se tornar um centro de criminalidade, infelizmente, e por isso era ter condições de desenvolvimento”, rememorou

O ministro destacou ainda os desafios sociais enfrentados pela capital, como o Sol Nascente, maior favela do Brasil. “Não é um título que a gente queira ter. É preciso que os fundos sejam bem aplicados e que haja atenção em relação a esta temática. Brasília é importante para o desenvolvimento nacional, desde o projeto de Juscelino Kubitschek. O País ainda não percebeu o estadista grandioso que ele foi”, completou.

Para Paulo Octávio, presidente do lide Brasília e co-anfitrião do encontro, a alteração causa insegurança jurídica. “Na época, como deputado e depois senador, ajudei a fazer o Fundo, no governo Fernando Henrique Cardoso. O último ato dele como presidente da República, em dezembro de 2002, foi sancionar a criação do Fundo, que foi apoiado por todos os parlamentares, da Câmara, do Senado. O FCDF veio beneficiar uma cidade que nasceu para ser a capital da República e, de repente, querem mudar a forma dos reajustes, como está acontecendo agora. Isso aconteceu ano passado, nós conseguimos ganhar no Congresso, e a gente conseguiu reverter a situação. E agora, de repente, vem nesse pacote uma nova ameaça”, destacou.

“Como o governador Ibaneis colocou bem, é um prejuízo que vai aumentar a cada ano. Começa com prejuízo de R$ 1 bilhão, depois vai aumentando, porque a forma do reajuste será diferenciada e, logicamente, teremos menos recursos. É muito grave para uma cidade de crescimento, que não tem indústrias, que nasceu para ser a sede das embaixadas, da Justiça do nosso País e do governo. Brasília não pode ser comparada com outras capitais. Ela é diferenciada desde a sua criação. Nós temos que respeitar e parar de mudar as leis de acordo com o governante que está no momento”, disse.

O empresário confia que Congresso vai encarar com seriedade o assunto. “O partido a que pertenço, o PSD, já deu o total apoio para a não aprovação dessa mudança. Eu tenho certeza que os outros partidos também vão fazer o mesmo. É uma questão muito séria e não pode ser tratada da forma como vem sendo”, disse. Ele avaliou ainda que o ajuste nas contas públicas não precisa prejudicar a cidade.

“Brasília, dentro do panorama da redução de gastos de R$ 70 bilhões, é muito pequena. Não é prejudicando uma cidade que você vai fazer esse ajuste. Eu acho que a economia tem que vir de outras áreas, onde se gasta mais. Acho que o governo tem a sua equipe econômica para analisar e há forma de reduzir. Os orçamentos de alguns ministérios são imensos, então acho que se pode fazer um ajuste fiscal sem prejudicar uma cidade. É essa contrariedade que levamos ao governo federa. Não é justo mexer com uma cidade, com um projeto que já está aprovado, que é constitucional, que foi já discutido há tanto tempo. Não devemos atrapalhar uma coisa que funciona bem”, concluiu

Avanços e desafios na transição energética
Tema principal dos debates, os avanços e desafios da transição energética no Brasil foram foco de dois painéis. A energia limpa, especialmente a solar e a eólica, foram o foco das soluções para transformar o Brasil em um líder global. Para o ministro Gilmar Mendes, do STF, a importância da energia limpa é clara especialmente a solar e a hidrelétrica. Ele também alertou para os riscos das mudanças climáticas, citando que enchentes e secas são sinais de que políticas ambientais são urgentes.

Anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30), o governador do Pará, Helder Barbalho, abordou o mercado de créditos de carbono. No estado, já foram certificadas 300 milhões de toneladas de carbono, com 12 milhões comercializadas por cerca de R$ 1 bilhão. “Esse mercado representa uma nova economia para o Pará, beneficiando comunidades e incentivando práticas sustentáveis”, disse o governador, que atribuiu o resultado à redução do desmatamento.

Ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates falou dos na transição energética no Brasil. Apesar do potencial do País nos campos de energia eólica e solar, é preciso um planejamento regional que pode gerar tensões. “Cada região precisará resolver suas demandas energéticas de forma local, o que pode gerar conflitos, especialmente em um país com matrizes tão diversas”, afirmou. Ele também cobrou uma estratégia clara para que o Brasil use sua posição privilegiada de forma eficaz.

O economista Roberto Giannetti, head do Lide Infraestrutura, falou do avanço das tecnologias de hidrogênio verde e baterias estáticas, que serão braços essenciais na transição energética. “O hidrogênio verde será fundamental para setores como a mobilidade urbana e a indústria. E as baterias estáticas resolverão problemas de intermitência na geração de energia renovável, como solar e eólica”, disse.

Paulo Octávio falou do crescimento da energia solar na capital federal. Atualmente, 20% dos empreendimentos em Brasília utilizam energia solar. E em seus próprios empreendimentos a energia é 100% solar. “A energia solar é uma fonte limpa, econômica e sustentável, que oferece redução de até 20% nos custos para os consumidores”, afirmou.

Ele também defendeu o planejamento antes da criação de bairros, para melhorar a vida dos cidadãos e apoiar a transição energética. “As cidades crescem no Brasil, muitas vezes, de forma desordenada. Discutir o planejamento futuro de como o cidadão vai viver melhor nas cidades é um grande tema. Acho que todos os prefeitos têm que participar. Porque o urbanismo é uma questão social e de qualidade de vida das pessoas”, destacou.

“Nós vivemos em uma cidade que foi planejada, talvez com a melhor qualidade de vida do mundo. O projeto inicial foi respeitado, a cidade foi tombada e continua sendo preservada por todos os governos que por aqui passam. O que está em jogo é o homem e a qualidade das pessoas. Eu defendo, inclusive, que as cidades sejam planejadas. Não adianta construir cidades espalhadas porque depois o governo não tem condições de levar a infraestrutura”, concluiu.

Fonte: Ascom Paulo Octávio

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