GOVERNO FEDERAL
Médicos defendem ‘tratamento precoce’ e cloroquina na CPI da Pandemia
Em reunião marcada pela participação principalmente de senadores governistas, a CPI da Pandemia ouviu nesta sexta-feira (18) os médicos Francisco Cardoso e Ricardo Zimerman, que defendem o “tratamento precoce” para covid-19 com o uso de cloroquina e outros medicamentos. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), optou por não fazer perguntas e deixou a sala após as explanações iniciais dos depoentes.
Os senadores Marcos Rogério (DEM-RO), Eduardo Girão (Podemos-CE), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Jorginho Mello (PL-SC) fizeram perguntas sobre o chamado “tratamento precoce”. Nas respostas, Francisco Cardoso disse que sua posição favorável baseia-se em pesquisas, assim como em sua experiência pessoal.
— Fui honrosamente convidado pelo Ministério da Saúde a compor a equipe de profissionais responsáveis pela construção da Nota Orientativa 17, sobre orientações para o tratamento inicial da covid-19, com doses adequadas de hidroxicloroquina e cloroquina. Apesar de não podermos atribuir causalidade direta, os dados mostram que, desde a publicação da Nota Orientativa, o número de óbitos por caso novo sofreu progressiva e contínua queda no Brasil até o fim de 2020, quando começou a segunda onda, causada pela variante P1 — afirmou.
Ele complementou que, em sua vivência na tratamento de pacientes com covid-19, já atendeu mais de mil casos muito graves, com poucos óbitos.
— A equipe com a qual trabalhamos em São Paulo já atendeu mais de 4 mil casos com pouquíssimos desfechos fatais. Nós temos resultados — disse Cardoso.
Para o médico, a cloroquina foi demonizada após estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) ainda nos primeiros meses da pandemia, quando 22 pacientes morreram. Cardoso disse considerar que esse estudo é “a maior vergonha científica dos últimos anos”.
— Foi o maior desastre científico do Brasil em décadas. Calculou errado a dose do grupo de alta dosagem, expondo os pacientes a níveis séricos potencialmente fatais. Foi dado o equivalente a 12 gramas de cloroquina em dez dias. A bula do remédio é clara: não se deve dar mais que 1,5 grama de cloroquina em três dias, sob risco de graves eventos tóxicos. O estudo deu 3,6 gramas de cloroquina em três dias a doentes graves, dose 2,4 vezes maior que a permitida em bula. Nos primeiros três dias, morreram sete pacientes. O braço do estudo de alta dosagem teve cerca de 40% de mortes, e foi interrompido quando se viu o que estava ocorrendo — disse.
Cardoso também garantiu que a cloroquina tem base científica:
— Vieram da China os primeiros trabalhos com medicamentos reposicionados de outras doenças para tentar tratar os doentes que começavam a lotar hospitais e suas UTIs. De todos os remédios testados, o que apresentou inicialmente o melhor desempenho foi a cloroquina e sua prima farmacológica, a hidroxicloroquina. Incluindo um pequeno ensaio clínico randomizado que mostrava grande potencial da droga no combate ao novo coronavírus.
Já Ricardo Zimerman destacou que o “tratamento precoce” não se resume à cloroquina, e que ele apresentaria bons resultados na prática.
— Budesonida inalatória: é um ‘sprayzinho’ que quem tem asma usou a vida inteira. Reduz em 91% o risco de seu irmão internar, do seu pai internar. É usado no sistema público inglês, mas aqui não foi recomendado. Colchicina: são 20% de redução de combinação, internação e morte. Nitazoxanida, [a respeito de] que tiram sarro, que é um vermífugo, só que não conhecem biologia. Ela induz a expressão de interferon, um potente antiviral, tem ação antiviral em bula já. Saiu agora estudo americano em preprint: 85% de redução de risco de internação. Ou seja, 85% de redução de risco de internação [com a nitazoxanida]; 91% de redução de risco de internação com budesonida inalatória; 20% com a colchicina. A proxalutamida, que foi alvo de gargalhadas: num estudo ambulatorial, reduziu 91% o risco de internação. Está aceito para a publicação sair esta semana — explanou.
O médico acrescentou que Arábia Saudita e Irã incorporaram a hidroxicloroquina no tratamento contra a covid-19, devido aos bons resultados que alcançaram nesses países. Também citou estudos a favor da ivermectina, e que o sistema público britânico de saúde (NHS) teria incorporado o corticoide.
Lockdown
O senador Jorginho Mello lembrou que Ricardo Zimerman publicou um estudo, com base em dados do Amazonas, defendendo que as medidas de lockdown poderiam ter colaborado no desenvolvimento da cepa P1. Isso porque, segundo essa tese, muitas pessoas teriam ficado aglomeradas em suas casas, o que teria facilitado uma mutação viral mais dinâmica. A tese causou revolta no presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pois Manaus, onde a média de moradores por domicílio é bem menor do que no interior do estado, teve muito mais mortes pela covid-19.
— O senhor está totalmente equivocado sobre meu estado, não sabe o que está falando. Você me desculpe. O senhor está dizendo que no Amazonas, porque tem uma aglomeração maior e tal, por isso replicou mais o vírus? Não diga isso! Porque na capital o número de infectados e mortos foi muito maior que no interior, me explica isso? Em moradias do interior, moram seis, sete pessoas por casa. Porque no interior, que o número de pessoas que moram numa residência é bem maior que na capital, o número de infectados é menor que na capital? — questionou.
Na resposta, Zimerman voltou a defender o rigor de seu estudo, que foi feito com base em dados oficiais do Ministério da Saúde relacionados à localização de telefones celulares durante o período pesquisado.
Já o senador Marcos do Val (Podemos-ES) defendeu algumas ações governamentais no combate à pandemia. Para ele, o atual governo não pode ser chamado de “negacionista”, pois só na quinta-feira (17) vacinou mais de 2 milhões de brasileiros.
Relator
Em protesto contra fala do presidente Jair Bolsonaro em live na quinta-feira (17), a favor da “imunização de rebanho”, o relator da CPI, Renan Calheiros, comunicou que preferia não fazer perguntas aos médicos. No entender do senador, o Brasil tem falhado ao não se pautar exclusivamente na ciência no combate à covid-19.
— Quando chegamos a quase 500 mil mortes, tivemos ontem a continuidade criminosa da defesa da imunização de rebanho. Do desdém com a eficácia da vacina. Essa irresponsabilidade não pode continuar. Isso é a reiteração do crime. Um presidente da República não pode chegar a tamanha irresponsabilidade. Os brasileiros estão morrendo! Sabemos que ele tem pulsão por morte, mas ele precisa respeitar a memória de todos. O presidente da República continua a fazer o que sempre fez, dessa forma irresponsável, utilizando indevidamente as mídias sociais para induzir brasileiros à morte, com mentiras, com falsidades. Jamais esperávamos chegar no Brasil a tamanha irresponsabilidade! — frisou Renan, que se retirou dos trabalhos em seguida.
A saída do relator causou revolta nos senadores governistas. Para Eduardo Girão, a retirada teria explicitado que o relator já tem posição predefinida.
— Desde o início da CPI, o relator está o tempo inteiro fazendo perguntas. Agora ele abandona a CPI, vai embora, porque realmente parece que não interessa a busca pela verdade, apenas uma parte da verdade. A gente tem dito isso desde o começo da CPI. Hoje está claro, está explícito para o Brasil inteiro isso — reclamou.
Marcos Rogério foi outro que criticou a saída de Renan:
— O que ficou evidente aqui é que o relator já tem uma sentença debaixo do braço. Se alguém tinha dúvida, hoje está evidente. Lamentável isso, lamentável.
Destituição do relator
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) cobrou dos membros da CPI da Pandemia uma discussão sobre a destituição do relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL). Para ele, o gesto de retirar-se da sala de audiência, deixando de ouvir os convidados, mostra que Renan não atende ao requisito básico de respeito ao contraditório e orienta-se por uma opinião pré-concebida.
— Essa postura de se levantar da CPI foi um desrespeito não só às pessoas que estão aí hoje para falar, mas a todos os membros da CPI e um desrespeito ao Senado Federal. Uma postura dessas é reprovável.
Flávio Bolsonaro também questionou a legalidade da participação de Renan na comissão de inquérito: o filho do relator, conforme acrescentou, é governador de Alagoas e poderia ser alvo de investigação.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
GOVERNO FEDERAL
Interessados em operar rádios comunitárias em 795 cidades têm até dia 13 de dezembro para enviar propostas
Foto: Divulgação
Edital, publicado em outubro no Diário Oficial da União (DOU), prevê concessão de outorgas em 21 estados
Fundações e associações interessadas em operar rádios comunitárias em 795 municípios de 21 estados brasileiros têm até o próximo dia 13 de dezembro para enviar propostas.
O edital n. 186/2024, que pode ser conferido neste link (https://in.gov.br/en/web/dou/
A seleção pública de interessados na operação disponibiliza a possibilidade de transmissão em 21 estados. São 15 municípios no Acre, 27 em Alagoas, 22 no Amazonas, um no Amapá, 69 na Bahia, 20 no Ceará, 19 no Espírito Santo, 57 em Goiás, 44 no Maranhão, 205 em Minas Gerais, nove em Mato Grosso do Sul, 46 no Mato Grosso, 24 no Pará, 44 na Paraíba, 14 em Pernambuco, 69 no Piauí, 23 no Rio Grande do Norte, 17 em Rondônia, nove em Roraima, 18 em Sergipe e 43 no Tocantins.
“Nosso compromisso é com a democratização da comunicação e as rádios comunitárias têm um papel fundamental em promover cultura regional e diversificada. Com este edital, vamos atender as demandas reprimidas cadastradas no Ministério e fortalecer a radiodifusão pública”, destaca o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
Confira lista com todos os municípios aqui.
Outorgas
O edital faz parte do Plano Nacional de Outorgas – PNO RadCom 2023/2024, publicado no início de dezembro de 2023, com o cronograma e as localidades que serão contempladas com a oportunidade de novas outorgas do serviço de Radiodifusão Comunitária.
A diretora de Radiodifusão Pública, Comunitária e Estatal da pasta, Daniela Schettino, destaca que o ministério tem trabalhado para melhorar as condições na prestação do serviço e na autorização das rádios comunitárias. “A nossa expectativa é ter pelo menos uma rádio comunitária em cada município do país”, acrescenta a diretora.
Ascom MCom
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