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Ministro confirma decreto que proíbe rede social de excluir perfis e conteúdos

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23/06/2021 – 16:28  

O ministro do Turismo, Gilson Machado, confirmou, em debate na Câmara dos Deputados, que seu ministério elaborou uma proposta de decreto para proibir redes sociais de excluir contas e conteúdos postados por usuário sem decisão judicial. Hoje, a exclusão é permitida quando as publicações e perfis ferem as normas contratuais da empresa.

Deputados de diferentes partidos criticaram a minuta de decreto, na audiência promovida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, nesta quarta-feira (23), e afirmaram que o assunto só pode ser regulado por lei.

Segundo Gilson Machado, a minuta, que tramita agora nos ministérios da Justiça e de Ciência e Tecnologia, visa garantir a liberdade de expressão do cidadão e evitar arbitrariedades por parte das chamadas big techs. Ele afirma que a norma não inova em relação ao que dispõe o Marco Civil da Internet — principal lei sobre a rede —, apenas regulamenta a lei.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Kim Kataguiri acredita que a proposta fere a Lei de Liberdade Econômica

“A proposta de regulamentação do Marco Civil da Internet ainda está sendo tratada dentro do governo, e o texto ainda não está concluído, estando aberto ainda a alterações ou até a alguma ideia que os senhores tenham. Eu aceito propostas para que a gente nunca perca o nosso direito à liberdade de expressão”, afirmou.

Assunto de lei
Mas o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), que propôs a realização do debate, avalia que o assunto precisa estar em lei ou medida provisória, e não em decreto. “Vocês não estariam extrapolando a competência regulamentar, legislativa de vocês próprios? E nesse sentido eu trago um parecer da Advocacia-Geral da União, contrário, que sugere expressamente que essas alterações propostas na portaria sejam feitas via lei, vocês conhecem esse parecer?”, perguntou.

Kataguiri questionou ainda se o decreto não fere a Lei de Liberdade Econômica, que dá às empresas liberdade de atuação, cumpridas as cláusulas contratuais. Segundo ele, vários trechos da minuta de decreto falam da necessidade de decisão judicial para a retirada de conteúdos, o que criaria mais demanda na Justiça, sem previsão orçamentária para isso. Ele destacou que o decreto é elaborado sem transparência e sem participação da sociedade civil, ao contrário do que ocorreu na discussão do Marco Civil da Internet, que contou com ampla participação social.

Para o deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), a Justiça, que já é congestionada, “vai virar fiscal de timeline do Facebook e dos conteúdos do YouTube”. Ele afirmou que o decreto “inverte a lógica do Marco Civil da Internet e se disfarça de liberdade de expressão, e ainda sobrecarrega o Judiciário”. Ele aponta também que o decreto viola as leis de liberdade econômica e de responsabilidade fiscal ao criar despesas sem a correspondente receita.

Proteção de contas e posts
Secretário Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual do ministério, Felipe Carmona informou que partiu da secretaria a minuta do decreto, com o objetivo de garantir a proteção intelectual das publicações na internet. Ele avalia que o parecer da AGU não inviabiliza o decreto, mas sugere que a norma poderia ser feita por medida provisória ou por lei.

De acordo com o secretário, as redes sociais retiram conteúdos sem dar o direito de defesa ao usuário. “Hoje, quando as big techs cerceiam sua fala, elas não falam claramente por quê. Elas podem falar que é discurso de ódio, mas você não consegue se defender. Cautelarmente retiram o seu conteúdo, cerceando seu direito de fala”, afirmou.

O secretário avalia que, se um usuário diz, por exemplo, que a terra é plana, isso não pode ser classificado como fake news. “A opinião não deve ser cerceada.” Para ele, o poder de retirar conteúdo ou de decidir o que é ou não fake news não pode ser dado às big techs, empresas privadas que têm monopólio de mercado. Ele acredita que o poder de analisar os conteúdos deve ser do Estado – em âmbito administrativo ou judicial. Conforme Carmona, pela norma que está sendo elaborada, as big techs podem retirar, sem decisão legal, posts relacionados a incitação a crimes como terrorismo e pedofilia.

O secretário de Cultura, Mário Frias, reiterou que muitas páginas e perfis estão sendo retirados da internet pelas empresas, causando prejuízos a pessoas que têm em seus perfis o seu ganha-pão. “Nenhuma big tech é superior à democracia deste País”, falou.

Discursos de ódio
Já o deputado Leo de Brito (PT-AC) acredita que o decreto viola o Marco Civil da Internet. Segundo ele, a liberdade de expressão não é absoluta e obedece a marcos civilizatórios, como a Declaração Universal de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). “A internet não é terra sem lei, ela não pode ser espaço para a reprodução de racismo, de machismo, de xenofobia, de fake news, de desinformações. Tem gente morrendo no País por conta de fake news, porque não tomaram vacina”, salientou. Para ele, a ciência deve ser respeitada nas redes sociais – por exemplo, a convenção de que a Terra é redonda.

O parlamentar pediu que, na elaboração do decreto, sejam ouvidas entidades que tratam do tema, como a Coalizão de Direitos na Rede, que reúne 40 organizações da sociedade civil. A Coalizão emitiu nota sobre o decreto, que aponta possível crescimento de discursos de ódio e desinformação na internet com a norma. Conforme a entidade, ao estabelecer que qualquer exclusão de publicações ou suspensão de contas deverá ser feita por decisão judicial, o decreto não permitiria a retirada de comentários abusivos de leitores sem decisão da Justiça. Além disso, o site Wikipedia só poderia excluir mentiras de verbetes por via judicial.

Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Carl Zambeli: liberdade econômica não pode estar acima de liberdade de xpressão

O deputado ressaltou ainda que a norma delega à Secretaria de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual poder de fiscalização, que a tornaria na prática “um controlador da internet no País”. Ele lembrou ainda que as plataformas são privadas, e no momento em que o usuário entra nas redes está concordando com essas políticas. E pediu que o assunto seja debatido no âmbito da discussão do PL das Fake News (2630/20), que vai ser debatido em comissão especial da Câmara.

Poder das empresas
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), por sua vez, acredita que a retirada do conteúdo não tem que ser decidida pela big tech. A parlamentar acusou plataformas de excluírem opiniões dela das redes e disse que a liberdade econômica não pode estar acima da liberdade de expressão. Ela afirmou que médicos discordam, por exemplo, sobre vacinas e tratamento precoce para Covid-19, e que há divergência na ciência sobre diferentes temas.

“Eu também acredito que a Terra é redonda, mas quem acredita que a Terra seja plana vai até a ponta e cai, quem vai morrer é ele. Se a pessoa acha que a Terra é plana, isso não prejudica ninguém”, opinou.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Ana Chalub

Câmara Federal

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Interessados em operar rádios comunitárias em 795 cidades têm até dia 13 de dezembro para enviar propostas

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Edital, publicado em outubro no Diário Oficial da União (DOU), prevê concessão de outorgas em 21 estados

Fundações e associações interessadas em operar rádios comunitárias em 795 municípios de 21 estados brasileiros têm até o próximo dia 13 de dezembro para enviar propostas.
O edital n. 186/2024, que pode ser conferido neste link (https://in.gov.br/en/web/dou/-/edital-n-186/2024-589981290), foi publicado em 14 de outubro no Diário Oficial da União (DOU).
A seleção pública de interessados na operação disponibiliza a possibilidade de transmissão em 21 estados. São 15 municípios no Acre, 27 em Alagoas, 22 no Amazonas, um no Amapá, 69 na Bahia, 20 no Ceará, 19 no Espírito Santo, 57 em Goiás, 44 no Maranhão, 205 em Minas Gerais, nove em Mato Grosso do Sul, 46 no Mato Grosso, 24 no Pará, 44 na Paraíba, 14 em Pernambuco, 69 no Piauí, 23 no Rio Grande do Norte, 17 em Rondônia, nove em Roraima, 18 em Sergipe e 43 no Tocantins.
“Nosso compromisso é com a democratização da comunicação e as rádios comunitárias têm um papel fundamental em promover cultura regional e diversificada. Com este edital, vamos atender as demandas reprimidas cadastradas no Ministério e fortalecer a radiodifusão pública”, destaca o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
Confira lista com todos os municípios aqui.
Outorgas
O edital faz parte do Plano Nacional de Outorgas – PNO RadCom 2023/2024, publicado no início de dezembro de 2023, com o cronograma e as localidades que serão contempladas com a oportunidade de novas outorgas do serviço de Radiodifusão Comunitária.
A diretora de Radiodifusão Pública, Comunitária e Estatal da pasta, Daniela Schettino, destaca que o ministério tem trabalhado para melhorar as condições na prestação do serviço e na autorização das rádios comunitárias. “A nossa expectativa é ter pelo menos uma rádio comunitária em cada município do país”, acrescenta a diretora.

Ascom MCom
Assessoria Especial de Comunicação Social
Ministério das Comunicações
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