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Transporte clandestino coloca vidas em risco. Fiscalização diminui

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Homem desembarca de carro pirata na plataforma superior da Rodoviária do Plano PilotoFoto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Mesmo com a falta de segurança, fiscalização do Detran sobre veículos irregulares cai pela metade de janeiro a setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2022. Serviço clandestino segue em vários pontos do DF

Mulher desembarca de carro pirata na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto  -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Mulher desembarca de carro pirata na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Pedro Marra
Naum Gil

A pressa para chegar ao trabalho e a praticidade de ter um carro pirata à disposição pesam na decisão do usuário que precisa esperar cerca de uma hora para pegar um ônibus que passa lotado nas paradas. Mas esse argumento da maioria dos usuários do transporte pirata pode oferecer riscos à vida dos demais condutores e pedestres. Na noite de 21 de outubro, um ônibus clandestino tombou na BR-070, matando cinco pessoas e ferindo 15. Apesar da falta de segurança, a quantidade de autuações realizadas pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) diminuiu de 3 mil para 1,5 mil, o que representa queda de 50% de janeiro a setembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2022.

Com pouca fiscalização, o movimento de transporte irregular de passageiros é comum em diversos pontos do DF, como a Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), W3 Sul e Norte, L2 Sul e Norte e centro de Taguatinga. A reportagem apurou que, na Rodoviária do Plano Piloto — um dos pontos mais movimentados por esse tipo de serviço clandestino — mais de 200 motoristas buscam e levam passageiros para diversos destinos, como Sobradinho, Lago Norte, Asa Norte e Paranoá.

A empregada doméstica Luciana Alves, 27 anos, paga R$ 5,50 para chegar ao trabalho, em Sobradinho. Ela considera esse meio de transporte mais rápido para chegar no destino final. “Se o governo investisse mais em transporte público, eu não precisaria estar usando transporte pirata”, afirma.

Luciana utiliza o “piratão” há dois anos e diz conhecer os motoristas e sentir confiança no trabalho deles. De segunda a sexta-feira, ela pega um ônibus do Paranoá até a Rodoviária, de onde parte de carro pirata até o serviço. “Onde moro passa um ônibus uma vez na vida e outro na morte. Mas a gente tem que chegar ao trabalho. Por isso que eu opto pelo transporte pirata”, argumenta.

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Um motorista de carro clandestino, que não quis se identificar, conta que trabalha das 5h as 18h com um grupo de motoristas. Cada um tem seu carro e pega quatro passageiros por viagem. O lucro, segundo ele, é relativo, mas costuma ser de R$ 100 a R$ 200 por dia. “Cobramos até R$ 20 mais barato do que uma viagem de transporte por aplicativo. Tem dia que tem fiscalização aqui e não rodamos”, detalha.

Ele assegura que faz manutenção no carro, desde a troca de óleo mensal à pastilha de freio, uma vez por ano. Mas esse cuidado não é uma unanimidade no grupo. O motorista reconhece que alguns colegas aproveitam para cometer assédio sexual com passageiros. “Esses não rodam diariamente e aproveitam do sistema para assediar as vítimas, como fez o Marinésio em Planaltina (no feminicídio de Letícia Curado)”, lembra.

O presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), David Duarte Lima, diz que prefere usar o termo “irregular” no lugar de “clandestino” em relação a esse tipo de transporte sem lei. “Todo mundo sabe que ele existe e onde é que se encontra, tanto que são as pessoas que buscam esse tipo de transporte e o governo não consegue achar esses caras? É incompetência do governo”, observa.

Mas há quem evite usar esse meio de locomoção, decisão da auxiliar administrativa Sibelle Marla, 35, que sai de Valparaíso de Goiás, no Entorno do DF, onde mora, para ir de ônibus até o trabalho, na Asa Norte. “Na minha cidade tem transporte pirata, mas venho de ônibus, mesmo que venha cheio, porque tenho muito receio. Nunca sei se a pessoa vai ter má intenção ou não”, comenta.

Sibelle acredita que o transporte pirata não é aconselhável para mulheres por serem mais vulneráveis. “Sempre procuro avisar a minha mãe para evitar esses veículos porque ficamos sabendo na mídia de casos de violência contra mulher”, opina a auxiliar administrativa.

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Fiscalização

O Detran assegura que realiza, diariamente, a fiscalização de trânsito em todo o DF. “Veículos flagrados realizando transporte remunerado de pessoas sem autorização da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), são autuados conforme prevê o artigo 231 do Código de Trânsito Brasileiro”, informa. Como medida administrativa, os agentes fazem a remoção do veículo. A autarquia faz um alerta para a infração gravíssima, com multa de R$ 293,47 e sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Para ter maior efetividade neste tipo de fiscalização, a Diretoria de Policiamento e Fiscalização de Trânsito negocia com órgãos do GDF para que os dados de veículos autorizados a realizar o transporte remunerado de pessoas por aplicativos sejam compartilhados com o órgão de trânsito. Dessa forma, a autarquia entende que o agente de trânsito poderá consultar no sistema, pela placa, qual veículo tem, ou não, a devida autorização. O Detran garante que a fiscalização de transporte irregular de passageiros, inclusive na região do Aeroporto de Brasília, será mais efetiva.

Pela falta de fiscalização à noite, a cuidadora de idosos Railma dos Santos, 29, evita pegar veículo pirata no fim do dia. Moradora de Santa Maria, ela desce de ônibus na Rodoviária e costuma pegar um carro clandestino por volta das 7h para chegar ao trabalho no horário correto. “Uso mais pela praticidade, porque não temos outra opção. Pago R$ 4, que é mais barato do que pagar um transporte por aplicativo, que custaria R$ 10”, compara.

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Fonte: Correio Brasiliense

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4 deveres da administradora do seu condomínio

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A administradora é o braço direito do síndico e cumpre funções importantes que ajudam a garantir a harmonia e o bem-estar dos moradores

Quem mora em condomínio ou está considerando essa ideia precisa conhecer quais são as responsabilidades do síndico e da administradora. Em primeiro lugar, é necessário deixar claro que envolve pessoas diferentes, mas que trabalham juntas e que possuem deveres distintos para com os condôminos.

O primeiro é, normalmente, escolhido entre os próprios moradores do local, porém, existem casos em que não há interessados em assumir essa responsabilidade e será preciso buscar uma pessoa de fora para cooperar com a administradora. Confira abaixo os principais deveres da administradora do condomínio:

  1. Gestão administrativa e financeira

Enquanto o síndico fica responsável por questões internas e de resolução rápida, como entender os tipos de manutenção industrial necessárias e solicitar que sejam realizadas, de forma que o condomínio siga funcionando bem, a administradora vai cuidar da parte administrativa e financeira.

Isso significa que anualmente são determinados valores a serem gastos com pequenas reformas e obras que auxiliem o condomínio a se manter valorizado e garantam a qualidade de vida dos moradores. E não é o síndico quem determina isso! Ao contrário, ele repassa aos condôminos o que recebe da administradora.

A ideia é bastante simples: se uma obra de prevenção é realizada, o síndico repassa para a administradora os valores gastos e ela precisa ter controle sobre isso. A responsabilidade desta é avaliar as principais despesas condominiais e já se planejar para os gastos do próximo ano com base nelas.

  1. Gestão de recursos humanos

Para manter o bom funcionamento do condomínio, de apartamentos ou casas, será necessário trabalhar com pessoas. Por mais que se trate de algo mais simples e automatizado, sem a presença de porteiro, outros serviços ainda são realizados, sendo geridos pelos recursos humanos.

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Um exemplo clássico é a questão da limpeza das áreas comuns, corredores e escadarias, tudo isso é feito por uma empresa especializada nisso e contratada pela administradora. Limpeza da caixa d’água e dos jardins também necessitam de alguém externo para isso.

Por último, se a portaria é vinte e quatro horas e conta com porteiro, ao menos três profissionais vão se revezar nos horários e dias da semana. Todas essas contratações e pagamentos de salários são responsabilidade da administradora do condomínio e será preciso prestar contas aos moradores sobre esses serviços.

  1. Gestão de assuntos jurídicos

O síndico nem sempre é responsável por resolver questões entre os moradores, seja de inadimplência, seja de desentendimento. Como podem gerar ações contra o condomínio, essa responsabilidade é repassada para a administradora.

Isso significa que, se acontece algum problema com um vizinho, você não pode acionar o síndico? Ao contrário, ele deve ser comunicado imediatamente e tentará resolver a situação. Se a questão for para a justiça, com processos e advogados envolvidos, a administradora passa a lidar com tudo.

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Já nos casos de inadimplência do condomínio é a administradora quem entra com a ação contra os devedores para exigir o pagamento.

  1. Papel de síndico

Esse dever da administradora só acontece quando não há uma pessoa no condomínio que assuma o papel de síndico. Isso ocorre quando nenhum dos moradores manifesta interesse em assumir esse papel — e ter as responsabilidades do síndico.

Nesse caso, a administradora assume as duas funções e irá determinar uma pessoa externa, que não mora no local, para cuidar dessas atividades. Inclusive, isso está respaldado no art. 1.347 do Código Civil: “a assembleia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se”.

Como o condomínio precisa de um responsável legal pelo empreendimento, não é possível ficar sem síndico, apenas com a administradora e esta terá que nomear alguém para a função.

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