A indicação de que Haddad assumiu o posto de opção preferencial caso a candidatura de Lula seja barrada pela Lei da Ficha Limpa é clara aos olhos dos antigos aliados. Ele foi escolhido para ser advogado do ex-presidente e entrou na corrente Construindo um Novo Brasil, a majoritária do PT. Além disso, foi nomeado como representante de Lula em uma conversa com o general Eduardo Villas Bôas. O comandante do Exército tem se encontrado com os principais pré-candidatos à Presidênciae apresentado demandas da instituição.
Além disso, Haddad tem viajado o Brasil na condição de coordenador do programa de governo do PT e mantém contato frequente com líderes de outros partidos. É como se fosse uma espécie de embaixador de Lula.
Para o presidente do PDT, Carlos Lupi, a escolha do PT foi feita. “O Haddad é o candidato do PT há mais de um ano. Ele foi escolhido por Lula. Quem quiser se iludir, que se iluda. Escreva, anote e depois me cobre.”
Questionado pela reportagem sobre uma eventual candidatura, Haddad respondeu de forma lacônica: “Não sou candidato”.
Um dos focos de resistência a Haddad, no entanto, vem justamente de São Paulo, cidade governada por ele de 2013 a 2016. Reservadamente, petistas paulistanos dizem que o ex-prefeito se manteve distante do partido enquanto estava no poder. Eles temem uma repetição desse comportamente caso ele chegue ao Palácio do Planalto.
A entrada na CNB aproximou Haddad de lideranças com trânsito na máquina partidária, como Rui Falcão e Emidio Souza. Um deputado petista membro da direção nacional do partido disse que Lula costuma emitir sinais trocados e que, por isso, seria precipitado considerar Haddad como o plano B.
Na avaliação desse mesmo petista, o ex-prefeito está se expondo demais. Ele considera o ex-governador baiano Jaques Wagner como o verdadeiro favorito de Lula. O problema é que Wagner resiste.
“Ele (Haddad) foi atrás da carteira da OAB para se apresentar como interlocutor. Foi mais oferta que demanda. Também há sinais de outros. Não percebo sinalização do próprio presidente”, disse Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT.
Assim como Haddad, Jaques Wagner também nega sua possível candidatura ao Planalto. Ele repete o discurso da executiva petista de que não há uma plano B para Lula. Mesmo assim, o nome dele é citado por pessoas próximas ao ex-presidente como o preferido do líder petista.
Um sinal disso foi a decisão de entregar ao ex-governador da Bahia a missão de ler a carta de Lula no lançamento de sua candidatura presidencial em um evento em Contagem (MG). Mas Wagner desistiu em cima da hora de fazer a leitura.
Procurada, a presidente do PT, senadora Gleisi Hofmann, disse, por meio de sua assessoria, que não trabalha com nenhum plano B e nem C para a eventualidade de Lula não poder entrar na disputa. A versão oficial do PT é de que Haddad foi convidado para ser advogado de Lula para fazer articulações institucionais da pré-candidatura do ex-presidente.
O partido argumenta ainda que Haddad precisa ter acesso a Lula para discutir o programa de governo do partido. O último encontro entre os dois ocorreu na sexta-feira (6/7), na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Fonte: Metropolis
Você precisa estar logado para postar um comentário Login