roadster como antigamente resgata o prazer de guiar

roadster como antigamente resgata o prazer de guiar


Tudo era enfadonho na cena automobilística do fim dos anos 70. A crise do petróleo tinha gerado carros insossos, as carrocerias haviam perdido as curvas e os conversíveis estavam em extinção. O prazer de guiar parecia página virada, quando o jornalista norte-americano especializado em automóveis Bob Hall fez uma visita à fábrica da Mazda, em Hiroshima.

Numa conversa despretensiosa, um diretor da marca japonesa perguntou brincando que tipo de carro a Mazda deveria fazer. O jornalista rascunhou um pequeno conversível de dois lugares. Seria um roadster barato, parecido com um antigo MG, mas que deveria funcionar em dias de chuva e não ter vazamentos de óleo.



O jornalista Bob Hall deu a ideia de fazer um roadster

Foto de: Jason Vogel

O jornalista Bob Hall deu a ideia de fazer um roadster

Os japoneses gostaram da ideia, e Hall acabou contratado pela Mazda, mesmo sem ter uma formação formal em Engenharia. Depois de dez anos, o protótipo chegou à forma final pelas mãos do engenheiro Toshihiko Hirai e dos designers Tsutomu “Tom” Matano e Shunji Tanaka: era quase uma réplica do Lotus Elan 1962–1973.

O novo Mazda tinha a clássica disposição de motor dianteiro e tração traseira. Como no Lotus, o motor tinha quatro cilindros em linha, 1,6 litro e duplo comando de válvulas. Outras semelhanças eram a suspensão independente nas quatro rodas, os quatro freios a disco, os faróis escamoteáveis e a forma da entrada de ar para o radiador. 



O trem dianteiro e a suspensão traseira unidos por uma estrutura central tipo backbone

Foto de: Jason Vogel

O trem dianteiro e a suspensão traseira unidos por uma estrutura central tipo backbone

Ainda havia um chassi do tipo “backbone” (estrutura central unindo as suspensões dianteira e traseira), mas também existiam diferenças: enquanto o Lotus Elan original tinha carroceria de fibra de vidro, o roadster da Mazda tinha monobloco de aço com capô de alumínio. O melhor é que o Mazda era barato (US$ 14 mil, nos Estados Unidos) e não trazia os problemas elétricos inerentes aos velhos carros ingleses. 

Batizado de MX-5, o roadster foi apresentado no Salão de Chicago, em fevereiro de 1989. O importador americano sugeriu um nome mais sonoro: Miata, que significa “prêmio” em alemão arcaico, e que foi bem aceito nos EUA. No Japão, o carro foi batizado de Eunos.



Mazda MX-5 (NA) (10)

Foto de: Jason Vogel

Sua graça estava em ser leve, ter tração traseira, direção rápida, câmbio perfeito e chame — revivendo prazeres há muito perdidos. O modelo era enxuto no tamanho (3,95 m de comprimento) e no peso (980 quilos).

Foi um êxito estrondoso: por seis meses, o MX-5 foi vendido com ágio de 100% nos EUA. Logo surgiram clubes de proprietários, transformando o carro em um clássico instantâneo. No Brasil, que acabara de reabrir seus portos aos automóveis importados, o Mazda conversível também fez sucesso, apesar de seu preço no país: trazido pelo grupo Mesbla, chegou aqui em 1991, por US$ 64 mil.



Mazda MX-5 (NA) (3)

Foto de: Jason Vogel

Na versão básica, o motorzinho 1.6 com injeção eletrônica rendia 117 cv. Ia atrelado a um câmbio manual de cinco marchas derivado do que era usado no sedã executivo Mazda 929. Os engates eram curtinhos e justos. Para os Estados Unidos havia uma versão com caixa automática de quatro velocidades que apagava parte do espírito do MX-5. 

O objetivo principal não era ter alto desempenho. Mesmo assim, com câmbio manual, o MX-5 1.6 ia de 0 a 100 km/h em 9 segundos e alcançava 188 km/h. Para 1994, o modelo ganhou motor de 1.839 cm³ de 130 cv, potência que foi aumentada para 135 cv em 1996.



O MX-5 lançou uma febre de roadsters nos anos 90, como o BMW X3

Foto de: Jason Vogel

O MX-5 lançou uma febre de roadsters nos anos 90, como o BMW X3



O Lotua Elan dos anos 90 - Tração dianteira

Foto de: Jason Vogel

O Lotua Elan dos anos 90 – Tração dianteira



Lotus Elan 1962–1975 - o modelo que inspirou a criação do Mazda MX-5 (1)

Foto de: Jason Vogel

Lotus Elan 1962–1975 – o modelo que inspirou a criação do Mazda MX-5 (1)



A segunda geração (NB) chegou sem os faróis escamoteáveis

Foto de: Jason Vogel

A segunda geração (NB) chegou sem os faróis escamoteáveis



A geração atual do MX-5 (ND) ao lado do modelo original (NA)

Foto de: Jason Vogel

A geração atual do MX-5 (ND) ao lado do modelo original (NA)

Lançando moda

Ao longo da década de 90, o Miata inspirou a criação de modelos por diversos fabricantes:  BMW Z3, Fiat Barchetta, Mercedes SLK, MGF e até o primeiro Porsche Boxster. Além disso, o roadster da Mazda despertou uma tendência de nostalgia no estilo, uma onda retrô que até hoje tem seus reflexos.

Um ponto curioso é que o Elan, que inspirou a criação do MX-5, foi ressuscitado pela Lotus entre 1989 e 1995. Só que esse novo modelo com nome Lotus Elan (código M100) era meio disforme, pesado e… tinha tração dianteira! Por causa da concorrência com o roadster da Mazda — mais barato e muito mais fiel ao Elan original dos anos 60 — o novo Lotus foi um fracasso de vendas. Seus direitos de produção acabaram vendidos à Kia.

Já o Mazda MX-5 “puro”, de primeira geração (código NA), ficou em linha até 1997. Em 1998, foi lançada a segunda geração (NB), com motores mais potentes e retoques no estilo. A modificação mais visível estava nos faróis, que deixaram de ser retráteis por proteção aos pedestres em caso de atropelamento. O roadster também cresceu e teve sua aerodinâmica melhorada. Só não tinha o mesmo charme de antes… 

Desde 2015, o Mazda MX-5 está em sua quarta geração (ND). Dizem que seu sucessor estreará em 2025. Será um elétrico? 

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