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#TBT: Piscina com Ondas, um ícone da infância brasiliense

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Quem viveu a Brasília da década de 1980 guarda até hoje com carinho as lembranças de um local que já esteve entre os destinos preferidos de lazer da segunda e terceira gerações de habitantes do Quadradinho. No coração da capital federal, mais precisamente no estacionamento 7 do Parque da Cidade, está localizada aquela que um dia foi a primeira e única piscina com ondas de toda a América Latina.

Espaço icônico de diversão dos brasilienses marcou época e vai voltar a funcionar | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Democrática e acessível, a Piscina com Ondas do Parque da Cidade era mais que um ponto de encontro e lazer. Ao longo dos quase 20 anos em que ficou aberto – desde a inauguração, em 1978, até ser desativado, em 1997- , o espaço figurou entre os principais refúgios para a seca brasiliense. Não à toa, no auge, suas águas agitadas com ondas de até 1 metro de altura foram capazes de reunir uma média de 10 mil pessoas aos fins de semana.

Nesta quinta-feira, a Agência Brasília conta a história de um dos mais icônicos espaços de lazer do Distrito Federal em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para relembrar fatos marcantes da nossa cidade.

Clima de praia

Para os brasilienses mais antigos, lembrar da Piscina com Ondas é reviver memórias nostálgicas de uma infância marcada por tardes ensolaradas, risadas e aventuras na água. A experiência de sentir as ondas artificiais batendo contra o corpo e a emoção de aguardar pelo som da sirene anunciando a cada dez minutos aquele que seria o próximo ciclo de ondas tornaram-se parte do folclore da cidade.

O jornalista Nicolas Bonvakiades é da geração que mais aproveitou o local: “Ter uma piscina com ondas era uma modernidade, era um mar portátil em Brasília” | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

“Eu lembro muito bem: tocava um alarme anunciando o início das ondas e aí começava aquele barulho dos motores das máquinas”, lembra o jornalista Nicolas Bonvakiades, 56, que coleciona memórias da piscina. “A molecada ficava louca, era uma gritaria enorme. As crianças pulavam na água, e os salva-vidas ficavam desesperados. A gente brinca que eles trabalhavam até mais do que os salva-vidas das praias mesmo.”

Bonvakiades conta que, à época do funcionamento do espaço, residia com a família no Guará, onde, segundo ele, as opções de lazer eram mais escassas. “Era uma região privilegiada, mas periférica”, pontua. “Não tínhamos tantos recursos, e era um período em que não se tinha tanta opção em Brasília, inclusive lazer com água. Apesar do Lago Paranoá e da Água Mineral já existirem, não se tinha tanto acesso ao automóvel, o que dificultava bastante o acesso a esses locais”.

Como a piscina ficava em espaço de lazer bem no coração da cidade, era frequentada por muita gente, relata o jornalista: “Nesse contexto, por ser no Parque da Cidade, uma área mais central a que se tinha acesso por meio de transporte público, a Piscina com Ondas era a melhor alternativa para levar a família. Era um bando de meninos pegando ônibus naquela empolgação para ir até a piscina”.

Para Nicolas e outros vários brasilienses, a Piscina com Ondas foi, também, o primeiro contato com o mar, ainda que em uma versão artificial. “Até então, a praia era algo inatingível para mim”, lembra. “Fui conhecer o mar aos 18 anos, quando tive condições de pagar uma viagem para a praia; era algo que eu só via na televisão, nos filmes da Sessão da Tarde. Então, ter uma piscina com ondas era uma modernidade, era um mar portátil em Brasília”.

Inspiração para videoclipe

O guitarrista Pinduca, da Maskavo Roots, lembra que a banda gravou um clipe no local e fez muito sucesso: “Era algo diferente, no resto do Brasil não tinha isso” | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Não eram só as ondas que faziam sucesso. Os arredores do espaço também foram palco de momentos culturais únicos, com rodas de viola entoadas por estudantes locais e artistas até então desconhecidos, como Cássia Eller e Zélia Duncan. Mais que isso, a piscina virou até cenário para videoclipes de renomadas bandas brasilienses.

Aos 49 anos, Carlos Pinduca, guitarrista da banda Maskavo Roots, retorna ao local que ilustrou uma das músicas de maior sucesso do grupo. Lançado em 1995, o videoclipe de Tempestade marcou uma geração. “Foi um clipe que entrou em alta. Na época do Estação MTV, ele pegou primeiro lugar no Disk MTV, que era um quadro em que o público pedia, escolhia qual clipe eles queriam assistir na programação”, recorda. “Com certeza, foi muito importante para que a banda ganhasse projeção nacional”.

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O músico conta que a ideia de gravar na Piscina com Ondas surgiu de uma reunião despretensiosa com produtores do canal de televisão. “Na época, era muito comum você lançar um disco ou uma música já com um clipe, e nisso nossos produtores entraram em contato com a MTV para tentar alinhar essa produção. Foi quando surgiu o Victor Civita, o Titti, que veio com uma equipe para Brasília produzir nosso clipe”.

A ideia nasceu de um bate-papo informal, relata Pinduca. “Nós sentamos em uma mesa, em um restaurante, e o próprio Titti disse: ‘Vem cá, aqui tem uma piscina com ondas, não é? O que vocês acham da gente gravar lá?’. E topamos. Era algo diferente, no resto do Brasil não tinha isso. No dia seguinte, viemos conversar com alguém que administrava a piscina e em seguida viemos para gravar, nada muito burocrático. Inclusive, tinha gente frequentando a piscina quando viemos para gravar o clipe”.

Imagem clássica da década de 1989: frequentadores ficavam esperando soar a sirene que antecedia a onda mecânica | Foto: Arquivo Público do DF

Para o guitarrista, muito do sucesso da música se deve ao videoclipe gravado na Piscina com Ondas. A canção chegou a ter versões cantadas pelas bandas Skank e Pato Fu. “Hoje, a gente vê nos comentários do vídeo no YouTube pessoas de outros estados do Brasil – São Paulo, Rio Grande do Sul, estados do Nordeste: ‘Esse clipe fez parte da minha infância’. Foi uma grande exposição na época”, comemora.

Reabertura

Desativada desde 1997, a Piscina com Ondas do Parque da Cidade será reativada pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Em março, o Executivo anunciou a abertura de licitação para contratação de empresa ou consórcio que ficará responsável pelo projeto de recuperação do espaço, desde a infraestrutura até a parte de montagem e instalação dos equipamentos e brinquedos aquáticos.

R$ 18,2 milhões

Orçamento previsto para a reforma da Piscina com Ondas

Com contratação orçada em mais de R$ 18,2 milhões, o projeto abrange a restauração e implantação de um complexo aquático, com piscina infantil contendo tobogãs para as crianças. Haverá, também, uma passagem que abrigará uma correnteza de águas brandas, conhecida como rio lento.

Para a vice-governadora Celina Leão, a licitação marca a retomada de um dos espaços de lazer mais icônicos do DF. “Nós conseguimos com a Secretaria do Esporte e Novacap tirar do papel a obra que tem o maior valor afetivo para quem viveu nos primórdios de Brasília, que é a Piscina com Ondas”, ressalta. “Teremos uma empresa vencedora e o início imediato da obra. É uma boa notícia”.

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Encontro de Carrinhos de Rolimã no Paranoá terá ação educativa sobre Maio Amarelo

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Na manhã desta quarta-feira (1º), o Departamento de Trânsito do Distrito Federal vai realizar a primeira grande ação educativa do movimento Maio Amarelo, que visa chamar a atenção da sociedade para os altos índices de acidentes de trânsito com vítimas em todo o mundo. A atividade integra a programação do 5º Encontro de Carrinhos de Rolimã, que acontecerá no Parque Vivencial do Paranoá, a partir das 9h.

Entre as atividades oferecidas pela Diretoria de Educação de Trânsito, haverá palestras, apresentação teatral e interação do personagem Segurito e sua turma com o público, orientando sobre os procedimentos de segurança de pedestres, ciclistas e passageiros na sua circulação diária, com foco no tema do movimento Maio Amarelo: Paz no trânsito começa por você!

A equipe de fiscalização de trânsito do Detran-DF estará presente no evento com exposição de viaturas, inclusive o helicóptero Sentinela, e um ponto de controle de tráfego, a fim de garantir a segurança na chegada e saída do público.

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O evento reúne crianças e adultos e, este ano, fará tributo a Ayrton Senna. O circuito é uma realização do Grêmio Recreativo Os Rolimistas do Paranoá-DF e conta com a participação de diversos órgãos governamentais, entre eles, o Detran-DF.

*Com informações do Detran-DF

 

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